Em Elvas, têm sido vários os furtos, de materiais metálicos, principalmente, nas últimas semanas. Por duas vezes, e tal como noticiámos, a empresa Centro Logístico Transportes Lafões, que se está a instalar na cidade, viu furtados vários metros de rede da vedação. Furtadas foram também as grelhas dos sumidouros (grelhas de esgoto), no parque de estacionamento da Praça de Armas e em outros locais da cidade (ver aqui) e, mais recentemente, os railes de proteção, da Avenida do Dia de Portugal, como também noticiámos.
Para além do furto deste tipo de metais e, tal como também noticiámos em janeiro deste ano (ver aqui), os furtos de materiais de construção, aos empresários que detêm obras, na zona da Estrada Carvalha, continuam.
Esta semana, e segundo foi relatado à Rádio ELVAS, mais um empresário da construção civil foi lesado, com furto de tijolos e cimento. “Temos sido alvo de furtos constantes, no local onde estamos a construir uma moradia para promoção imobiliária e, durante as fases de construção, há sempre pequenos ou grandes furtos, de ferramentas e vários materiais”.
Tal como nos explica, sempre apresentou queixa contra desconhecidos mas, foi na tarde de domingo, que se deparou, em flagrante, com dois adultos e um menor a praticar este delito, sendo que “dois estavam na rua com dois carrinhos de compras e o outro colocava as coisas no passeio, e perante o confronto, alegaram que encontravam o material no passeio e eu obriguei-os a repor o material que tinham furtado, desta vez, ou seja, tijolos e cimento”.
Este empresário sente-se indignado, uma vez que segundo afirma, paga impostos e sente que é produtor de riqueza, no entanto assiste à impotência das autoridades, em garantir os direitos e segurança dos cidadãos. “O que é indignante é que, numa sociedade democrática, onde a minha liberdade termina onde começa a do outro, tenho o direito de estar indignado, e sou um simples cidadão, contribuinte, que liquida impostos e produtor de riqueza para o país e sociedade, e mais uma vez, assisto à impotência das autoridades em garantir os direitos dos cidadãos, segurança interna e defesa da democracia”.
“Não posso ficar calado”, diz este empresário, argumentando que “dois cidadãos adultos, acompanhados de um menor, invadem uma propriedade privada, devidamente identificada e sinalizada, com proibição de entrada de pessoas estranhas ao local, onde sem consentimento do proprietário, furtam diversos objetos que transportam em viaturas de estrutura metálica simples, mais conhecidas como carros de supermercado, são confrontados, por mim que exijo a devolução do material ao local, e estes informa-me que não posso apresentar queixa nas autoridades porque não levam nada nas suas viaturas”.
Este empresário, num manifesto de descontentamento, alega que “num estado de direito, em que as construções de edifícios são controladas pelas entidades competentes, existem edifícios especiais, com volumetria, áreas de implantação, fachadas e muros de habitações com limites com a via pública, alterados em relação ao projeto inicial, sem regra ou legalidade, não incomodam ninguém” e questiona “as habitações sociais são de quem? Se calhar não têm dono”, acrescenta. “Este estado de direito e democrático, não existe para aqueles que usufruem da minoria que liquida impostos para o seu bem estar e ainda têm de ficar calados, virar a cara para o lado para nada ver e, muito cuidado, podem invadir qualquer propriedade e furtar dela o que quiserem, sem qualquer penalização”, acrescenta.
A queixa foi apresentada, formalmente na PSP de Elvas, contra estes três indivíduos, que foram identificados e, agora, o caso segue os trâmites legais. No entanto, este empresário garante: “não posso admitir que, na cidade, se construam quintais para montar piscinas, com os materiais dos outros”, alegando que se ocupa a via pública, mas “se qualquer um de nós faz uma pequena alteração de 5 cm a uma janela é um ai jesus, temos que corrigir projetos, alterar as telas finais”, entre outros.
“Se temos que cumprir a lei, porque é que outros não?” questiona novamente este empresário, demonstrando desagrado porque, segundo diz, “ninguém se preocupa, e qualquer dia não há vias de circulação, no bairro”. Há quintais novos a nascer, aumentos, anexos; já eu, se alterar alguma coisa numa habitação ainda tenho uma coima, eu pago os meus impostos, mas é mais fácil continuarmos neste faz de conta”.
Este empresário pretende que as autoridades se unam para fazer algo, contra este tipo de crime. “Se as autoridades, como a PSP, não têm meios, alguém das autarquias que se unam e façam alguma coisa, porque nas últimas semanas temos visto vários furtos e, é inconcebível querermos atrair empresas para produzir riqueza em Elvas quando estão constantemente a ser roubadas as vedações, e ninguém faz nada”.
“Quando alguém rouba há duas possibilidades, ou tem alguém que compra, e aí fiscaliza-se quem compra e é conivente ou, constroem coisas para eles próprios e aí têm que ser fiscalizados como os outros” afirma.
Quanto aos prejuízos resultantes destes furtos, este empresário não consegue precisar o valor, mas diz ser alguns, até porque depois do material furtado, “não é só o que roubam, é o que temos que voltar a comprar e o tempo de mão de obra perdido, e começamos a pensar, em que sociedade vivemos”, remata.
A Rádio ELVAS contactou a PSP, no sentindo de perceber o que está a ser feito, por parte desta força de segurança. O Comandante da Divisão Policial de Elvas, o Comissário Rui Massaneiro, que explicou que “a PSP está atenta a esta e às outras situações, descritas acima, tendo já reforçado o patrulhamento”.
Até agora, segundo adiantou o Comissário já estão identificados e foram constituídos arguidos “cerca de dez indivíduos, suspeitos, não só do furto de materiais de construção, mas também do caso dos rails de proteção, e do furto da vedação”.
Os processos já foram remetidos ao Ministério Público, e a investigação, ficará, posteriormente, a cargo da PSP de Elvas, sendo que o processo seguirá os trâmites legais.
O Comissário Rui Massaneiro apela ainda aos cidadãos, para que caso vejam alguma situação suspeita, contactem de imediato a PSP, e apela também aos empresários da construção civil para que “reforcem as medidas de segurança das suas propriedades, para não deixarem o material com fácil acesso”.