Crianças e jovens de Elvas alertam para os seus problemas em Assembleia Municipal

Duas dezenas de crianças e jovens, das escolas do concelho, foram, na manhã desta segunda-feira, 27 de novembro, “deputadas”, naquela que foi já a quinta Assembleia Municipal Infantojuvenil, organizada pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Elvas.

Perante o presidente da Câmara Municipal, os responsáveis pelos três agrupamentos de escolas do concelho, do Colégio Luso Britânico, da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), da Segurança Social e das forças de segurança (PSP e GNR), jovens como Soraia Afonso, aluna do Ciclo de Santa Luzia, trouxeram, para cima de mesa, temas como a violência nas escolas e a importância de se evitar, ao máximo, o uso dos telemóveis nas aulas. Para uma “menor utilização dos telemóveis e das redes sociais”, esta aluna sugeriu a criação de “novos clubes” na escola.

Segundo a presidente da CPCJ de Elvas, Raquel Guerra, esta iniciativa serve para que os mais novos, e porque deles “também nascem soluções” para vários problemas, tenham “uma voz e uma participação cívica e ativa na comunidade”. “É certo que têm tenra idade, que o poder de decisão não está do lado deles, mas, cada vez mais, é importante ouvi-los: perceber quais são as suas opiniões e as suas ideias”, assegura.

Enquanto “problemas graves”, nesta assembleia, a CPCJ quis abordar questões relacionadas com as dependências digitais e a saúde mental, problemáticas que, segundo diz a responsável, se têm refletido no comportamento das crianças e jovens nas escolas.

“Saímos daqui ricos e surpreendidos com aquilo que é a voz das crianças e o pensamento crítico que elas já têm sobre problemas tão atuais”, remata Raquel Guerra, dizendo que a expectativa é que esta atividade seja “profícua no tempo”.

Apostar na formação de assistentes operacionais, ao serviço das escolas, é um dos principais objetivos da Câmara de Elvas, garante o presidente Rondão Almeida, dado que, e depois de ouvidas as crianças, percebe-se que muitos “não têm a formação adequeada” para lidar com elas. “Esperemos que estejam abertos à formação, porque caso contrário, possivelmente, terão problemas de ordem profissional”, garante, dando ainda conta que a autarquia irá, a breve prazo, levar a cabo um investimento a rondar os seis milhões de euros nas escolas do concelho.

Considerando estas assembleias “importantes”, Rondão Almeida revela que a intenção é alargar-se a iniciativa até ao ensino secundário. Por outro lado, o autarca garante que, com a iniciativa, está-se apenas cumprir com um direito das crianças de colocarem as suas questões. Perante diversas entidades, que registam os problemas levantados pelas próprias crianças, o autarca diz ainda que, nesta assembleia, os jovens têm a liberdade de dar conta de todos os seus assuntos e problemas.

Na iniciativa, os pequenos “deputados” apresentaram as suas moções ou questões, em áreas como a educação, saúde, igualdade, segurança e proteção, família, desenvolvimento pessoal, cidadania e ambiente.

Esta assembleia, que teve lugar no salão nobre dos Paços do Concelho, realizou-se âmbito da comemoração do 34º aniversário da Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças.