Em comunicado, lançado pelo Ministério da Cultura, relativamente ao programa Cultura Portugal, que foi apresentado quinta-feira, no Museu Reina Sofía, em Madrid, pelos Ministros da Cultura de Portugal e de Espanha, Dalila Rodrigues e Ernest Urtasun, e pelo Embaixador de Portugal em Espanha, João Mira-Gomes.
O evento Cultura Portugal, vai-se realizar em 21 localidades de Espanha e Andorra até Dezembro, e serve para assinalar os 50 anos da democracia portuguesa, numa programação que envolve mais de 200 artistas , entre músicos, escritores, , realizadores, bailarinos, arquitetos, atores, editores e ilustradores portugueses.
Leia o Comunicado do Ministério da Cultura em baixo:
“Cultura Portugal 2024: mais de 70 iniciativas divulgam criação portuguesa em Espanha
• O evento anual Cultura Portugal realiza-se em 21 localidades em Espanha e Andorra até dezembro e assinala os 50 anos da democracia em Portugal.
• Programação envolve mais de 200 artistas, entre músicos, escritores, realizadores,
bailarinos, arquitetos, atores, editores e ilustradores portugueses.
• O programa foi apresentado oficialmente esta manhã de quinta-feira, no Museu Reina Sofía,
em Madrid, pelos Ministros da Cultura de Portugal e de Espanha, Dalila Rodrigues e Ernest
Urtasun, e pelo Embaixador de Portugal em Espanha, João Mira-Gomes.
Quadro de Almada Negreiros é a obra convidada
A Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, o Ministro da Cultura de Espanha, Ernest Urtasun, e o Embaixador de Portugal em Espanha, João Mira-Gomes, apresentaram esta quinta-feira, dia 3, o programa Cultura Portugal 2024, no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madrid.
A apresentação decorreu no jardim do Edifício Sabatini, depois da visita à obra convidada desta edição, Auto-Retrato num Grupo (1925), da autoria do artista português José de Almada Negreiros.
Até dezembro, Portugal estará presente em 21 localidades espanholas com mais de 70 atividades culturais que levam até Espanha cerca de 200 criadores portugueses. Numa edição que celebra o 50o aniversário do 25 de Abril de 1974, a programação assume especial destaque para o valor da cultura na democracia.
A programação apresenta trabalhos em diversas áreas disciplinares e formas de expressão artística:
– artes visuais, cinema, artes performativas, música, arquitetura, design e literatura -, que refletem a espessura histórica da arte e da cultura portuguesas.
Dalila Rodrigues, Ministra da Cultura de Portugal, referiu: “Evoco a partir deste extraordinário museu a obra convidada, e em exposição em Lisboa, El abrazo, de Juan Genovés, para que se repita simbolicamente, nesta ocasião, o abraço fraterno que então demos. Partilhamos, em espírito de total convergência, o sentimento elevado de querer conhecer mais e mais profundamente, de querer fazem mais e com maior alcance, através não apenas da troca, mas também de projetos conjuntos, entre Portugal e Espanha”.
O Ministro da Cultura de Espanha, Ernest Urtasun, disse: “depois do nosso recente encontro na Mostra Espanha 2024, com El abrazo de Juan Genovés como obra convidada no Centro Cultural de Belém, chegou o momento de Madrid acolher uma nova edição da Cultura Portugal”. O Ministro apontou ainda: “precisamos deste tipo de intercâmbio, do diálogo que Portugal nos está a propor, para continuar a fortalecer o elo infalível que a cultura representa para os nossos países”. Por outro lado, sobre a obra convidada que o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía recebe, Auto-Retrato num grupo de Almada Negreiros, afirmou que “apela a uma memória comum entre Portugal e Espanha, porque reforça um laço de amizade e porque nos fala da criatividade que supera sempre as guerras, as ditaduras e as censuras”.
O Embaixador de Portugal em Espanha, João Mira-Gomes, aproveitou a apresentação para destacar: “Ao longo deste ano, e até 2025, assistiremos a iniciativas que reforçam a amizade e os laços profundos que unem os nossos dois países, realçando o papel vital da cultura na consolidação da democracia e dos valores que nos regem. Num mundo marcado por tensões e conflitos, como os que vivemos atualmente, a cultura surge como um poderoso instrumento de diálogo e compreensão mútua”.
Manuel Segade, Diretor do Museu Reina Sofía, declarou: “Para o Museu Reina Sofía é um verdadeiro privilégio poder expor, nas galerias da nossa Coleção e graças à Cultura Portugal, o programa cultural da Embaixada de Portugal em Espanha, a obra-prima da vanguarda portuguesa Auto-Retrato num grupo, de Almada Negreiros (1925). Esta obra, criada para o lendário Café A Brasileira, em Lisboa, permanecerá na nossa instituição até 6 de janeiro, dando aos visitantes a oportunidade de a verem em diálogo com obras de Salvador Dalí, Ángeles Santos Torroella e Picasso, entre outros”.
Este ano, o programa Cultura Portugal assume um carácter especial. Muitas das atividades culturais têm um foco temático, centrado na valorização da cultura e na sua importância para a consolidação da democracia, evocando-se desta forma o 50o aniversário da Revolução dos Cravos.
A performance O meu corpo, este papel, este fogo, em que o artista Pedro Barateiro utiliza a história de uma manifestação de estudantes, em 1994, para falar da ideia de toque e de cuidado, sob a forma de um abraço e de um beijo entre duas pessoas, foi também um dos momentos desta apresentação.
Da extensa programação, destaca-se a escolha de Portugal como país convidado em vários eventos: no Festival de Cinema de Sevilha, com uma retrospetiva sobre a Revolução dos Cravos; na próxima edição do Festival Eñe, num programa dedicado à democracia, com a apresentação de um diálogo entre as escritoras Lídia Jorge e Gioconda Belli; ou no Ciclo Tramas Europeas, em colaboração com a Biblioteca Nacional de Espanha.
Cultura Portugal é o programa cultural da Embaixada de Portugal em Espanha, no âmbito da Ação Cultural Externa dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Cultura de Portugal, que este ano se insere no “Programa Cultural Conjunto: Portugal-Espanha: 50 anos de cultura e democracia”, resultado do acordo assinado na última cimeira bilateral Portugal-Espanha.
Música
A música está igualmente muito presente na programação Cultura Portugal. Numa edição que assinala o 25 de Abril de 1974 – uma revolução que foi desencadeada por senhas musicais, temas de Paulo de Carvalho e José Afonso, difundidos pela rádio – são várias as propostas em destaque.
Depois do concerto inaugural da Orquestra Metropolitana de Lisboa (dirigida por Pedro Neves), no dia 6 de setembro, no Auditório Nacional de Música, início oficial do programa Cultura Portugal, em simultâneo com o concerto da Orquestra Sinfónica RTVE & Marta Menezes no Festival IKFEM, em Valença do Minho, são muitas e variadas as propostas musicais para o Cultura Portugal.
Portugal volta a estar presente na BIME, que decorre em Bilbau, de 29 de outubro a 1 de novembro.
A banda Bad Tomato e o cantor Luca Argel irão representar o país naquele que é um dos mais conceituados encontros internacionais da indústria musical.
Por sua vez, este outono, dois festivais de fado estarão em destaque: o Festival de Fado de Barcelona (20 a 24 de outubro) e o Festival de Fado de Sevilha (3 e 20 de dezembro), com atuações de Carminho e Júlio Resende, uma conferência do historiador e musicólogo Rui Vieira Nery, a projeção do filme O Cônsul de Bordéus e a exposição O Fado e a Liberdade.
Destaque ainda para os concertos de Maria João (Conciertos del Prado, 29 de novembro, em Sevilha), Carmen Souza (Jazz Círculo, 22 de novembro, Madrid, Círculo de Bellas Artes) e MARO-Mariana Secca (10 de novembro, no Paral·lel 62, em Barcelona; 12 de novembro, no Teatro Eslava, em Madrid; e 14 de novembro, no Ram Club, em Valência).
Cinema português
No âmbito do cinema português, destacam-se duas propostas em outubro: a abertura da terceira edição do FESCIVAL Festival de Cine Europeo y Valores Democráticos (18 a 22 de outubro, Segóvia), que contará com a exibição de O Bêbado (2023), a primeira longa-metragem de André Marques; o Festival Curtocircuíto (1 a 6 de outubro, Santiago de Compostela), com a participação de Guilherme Blanc, diretor artístico do Centro de Cinema da Batalha (Porto), como jurado.
Estes dois eventos vêm juntar-se aos já realizados em setembro: o Prémio Internacional José Maria Nunes da Federação Catalã de Cineclubes, atribuído à cineasta portuguesa Rita Azevedo Gomes na Filmoteca da Catalunha; o Festival de San Sebastian, com a Concha de Prata para Melhor Realizador (ex aequo) atribuída a Laura Carreira por On Falling e a Concha de Ouro para Melhor Filme a Tardes de Soledad, de Albert Serra, numa coprodução portuguesa.
Destaque ainda para dois momentos já decorridos: a secção “Janela para Portugal”, no Festival Generamma (Chiclana, Cádis), e o VI Ciclo de Cinema Galego e Português “Mulher, Património, Sociedade”, que teve lugar em Tui-Valença.
Artes visuais
A obra convidada de Almada Negreiros Auto-Retrato num grupo (Pintura para o café A Brasileira no Chiado, Lisboa) estará patente no Museu Reina Sofia até 6 de janeiro. A pintura modernista, que integra a coleção do Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, foi originalmente concebida para o café A Brasileira do Chiado, espaço de importantes tertúlias artísticas e literárias.
Portugal está presente num dos grandes eventos artísticos do ano, a Manifesta 15, com obras dos artistas portugueses Carlos Bunga, Hugo Canoilas, Maja Escher e Diana Policarpo. Decorre até 24 de novembro na área metropolitana de Barcelona.
Nos próximos meses decorre ainda a exposição coletiva Así que pasen diez años (até 8 de novembro, na Galería Silvestre, em Madrid), com trabalhos de Catarina Botelho, Martinho Costa e Sara Bichão, assim como a exposição coletiva Mapa y paisaje, com obras de Daniel Blaufuks e Pedro Cabrita Reis, entre outros (até 16 de novembro, na Galería La Caja Negra, em Madrid).
Vão é a exposição apresentada por Pollyanna Freire, no âmbito de Arte.Bueño, o programa cultural resultante da colaboração com a Fundação EDP e o MAAT na zona rural de Bueño. Finalmente, Canhoto As Zurdo é o título da exposição que reúne a produção do artista português Nuno Sousa Vieira e da artista espanhola Tamara Arroyo (14 a 30 de novembro, na Galeria Nadie Nunca Nada No, Madrid).
Artes performativas e performance
A performance O meu corpo, este papel, este fogo, do artista multidisciplinar Pedro Barateiro foi apresentada na cerimónia de abertura da Cultura Portugal, depois de ter passado pelo Artium Museoa, em Vitoria-Gasteiz, no âmbito do ciclo de performances Lazos mecánicos, que decorreu em setembro.
Além deste momento, três espetáculos de teatro vão apresentar-se na Cultura Portugal. As Bruxas de Salém, versão do encenador Nuno Cardoso a partir do texto de Arthur Miller, apresenta-se a 19 de outubro, em Santiago de Compostela, no Auditório da Galiza; Falsos amigos, o projeto cocriado por Miguel Pereira com o coreógrafo catalão Guillem Mont de Palol, baseado no conceito dos “falsos amigos” da linguagem, apresenta-se a 19 e 20 de outubro em Bilbau e Santander; e ainda o espetáculo de teatro de marionetas Dura Dita Dura, em que se aborda o período do Estado Novo.
Com texto e música de Regina Guimarães, encenação, cenografia e marionetas de Igor Gandra, apresenta-se no Festival de Otoño, a 29 e 30 de novembro, nos Teatros del Canal, em Madrid.
Literatura portuguesa
Os eventos literários são uma das principais atrações do programa Cultura Portugal. Este ano, o Ciclo Tramas Europeas, que decorre na Biblioteca Nacional de Espanha, em Madrid, tem Portugal como país convidado. Depois da sessão realizada na última Feira do Livro de Madrid, decorrem dois eventos portugueses no Auditório da Biblioteca Nacional de Espanha, em novembro e dezembro.
A Residência de Estudantes, primeiro centro cultural de Espanha, acolherá a IV Bolsa de Residência Literária, em Madrid, de 7 de outubro a 7 de novembro, que nesta ocasião foi atribuída a João Concha e ao seu projeto Once Retratos, no qual o autor retrata singularidade e a diversidade dos habitantes da cidade de Madrid.
A presença de Portugal estará também em destaque em duas importantes feiras. Na Feira Internacional do Livro Liber (1 a 3 de outubro, Barcelona, Recinto Gran Vía), onde participa Gabriela Ruivo Trindade, Prémio da União Europeia para a Literatura em 2024. Na edição de Barcelona da ArtsLibris (de 15 a 17 de novembro, MACBA), que conta com a presença da editora GHOST.
O V centenário do Nascimento de Luís de Camões contará com relevantes momentos nesta programação: quatro conferências de professores espanhóis e portugueses sobre o autor, agendadas para 13 de novembro na Aula Magna da Universidade de Sevilha; e o Seminário Camões e o seu tempo (1524 – 1580): Impérios ibéricos, relações dinásticas, sociedade e literatura (7 e 8 de novembro, Universidade Autónoma de Madrid, Faculdade de Filosofia e Letras).
A apresentação da edição espanhola do livro A charca, de Manuel Bivar (22 de outubro, Madrid, La Casa Encendida) e Diálogos com a literatura: uma conversa com Lídia Jorge, a 19 de novembro, na livraria Rafael Alberti, em Madrid, completam o programa literário.
A Cultura Portugal estará também presente na Bienal Ibero-Americana de Design (8 a 13 de outubro, na Central de Diseño Matadero, em Madrid), com dez estúdios portugueses; e o Congresso Portugal, 50 anos depois: ecos do 25 de abril (de 16 a 18 de outubro, no Ateneu de Madrid), propondo uma reflexão sobre o legado cultural e social deste acontecimento na Península Ibérica e no resto do mundo.
No âmbito do “Programa Cultural Conjunto: Portugal-Espanha: 50 anos de cultura e democracia” encontra-se a decorrer em Portugal a Mostra Espanha, inaugurada pelos Ministros da Cultura de Portugal e Espanha, no passado dia 12 de setembro. A cerimónia de apresentação decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Mais informações: culturaportugal-espana.es”