Nos últimos anos, Odemira registou um crescimento exponencial de população, depois da chegada de milhares de migrantes. Estes migrantes, de cerca de 80 nacionalidades diferentes, são atualmente cerca de 15 mil e representam praticamente 40% da população do concelho.
Com isto, segundo Hélder Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de Odemira, aumentaram as dificuldades no concelho, do ponto de vista, não só da habitação, mas também da educação e da saúde. “Foi um crescimento, não só em quantidade, mas em complexidade, e agora passamos de um fluxo migratório quase única e exclusivamente de homens para um fluxo migratório que já tem mulheres e crianças. Os efeitos que nós tínhamos antes, que eram só sobre a habitação, agora aumentam os problemas do ponto de vista da habitação, porque as famílias precisam de casas, mas também precisam de educação”, refere o autarca.
Enquanto em outros concelhos há escolas a fechar portas, em Odemira verifica-se precisamente o contrário. “Tivemos que abrir este ano 11 salas de aulas. Tínhamos escolas fechadas há mais de cinco anos que tiveram de abrir”, revela Hélder Guerreiro. Por outro lado, e agora com mais crianças e mulheres, é necessária “uma outra resposta do Serviço Nacional de Saúde”.
O autarca espera agora o apoio do Governo, sobretudo ao nível da educação e da saúde, com um “olhar diferenciado” para o concelho. “Não vamos conseguir resolver o problema sozinhos. Tem sido difícil reabrir salas, temos estado todos os anos a alugar contentores, a fazer estruturas e a recuperar escolas, que não estavam previstas, de maneira nenhuma, do ponto de vista do apoio do Governo aos municípios”, adianta. Perante isto, o autarca garante que se está a “sufocar o orçamento municipal” com competências que, “por princípio”, não seriam do município.
Lembrando que a população natural do concelho sentiu uma grande mudança, com a chegada de tantos migrantes, Hélder Guerreiro garante ainda que nenhuma comunidade está preparada para receber, em tão pouco tempo, tantas pessoas de outros países.