O preço do azeite, na União Europeia, disparou 75%, entre janeiro de 2021 e setembro deste ano. Em Portugal, a subida, no mesmo período de tempo, é de 73%, segundo dados divulgados, na semana passada, pelo Eurostat.
E as previsões não apontam para que essa subida possa vir a abrandar, sendo que, em breve, o preço do azeite, mesmo do mais barato, pode ultrapassar os dez euros por litro. Este aumento é motivado pelas quebras de produção, pela subida do preço dos combustíveis e fertilizantes, assim como pela seca e o calor excessivo, em períodos prolongados.
Ainda que não tenha dúvidas que o azeite produzido será de qualidade, a presidente da direção da Cooperativa Agrícola de Olivicultores de Vila Boim, Maria Luísa Salsa, diz-se, contudo, “expectante”, em relação à campanha da azeitona, que já decorre. “Há dois anos, tivemos uma campanha extraordinária, mas depois tivemos uma quebra, uma contra-safra. Este ano, faltou água durante muito tempo. Agora choveu, temos que esperar que a azeitona faça o seu trabalho químico, para conseguirmos um azeite, de certeza absoluta, de qualidade, porque isso acontece sempre”,
“O nosso azeite é famoso, mas nós não somos grandes. Gostaríamos de ter outras ajudas, se calhar da Câmara Municipal, em termos dos caminhos de circulação entre os olivais, que também é uma coisa muito complicada, mas acho que a campanha vai ser, para uns melhor, para outros pior. Para mim, por exemplo, não vai ser boa, porque já sei que tenho pouca azeitona”, comenta Maria Luísa Salsa.
A esperança, diz a presidente da cooperativa é que os olivicultores possam, pelo menos, recuperar o dinheiro que investiram, “porque é muito”. “O trabalho agrícola é muito dispendioso e, neste momento, o azeite já está a um valor incrível e já sentimos que há aqui algum retorno do investimento que fazemos”, assegura.
No caso da Cooperativa Agrícola de Olivicultores de Vila Boim, todos os produtores são “micro, pequenos ou médios”, que se dedicam ao olival tradicional. “É uma coisa que defendemos acerrimamente e gostávamos de continuar, pelo que espero que a campanha corra mesmo bem”, acrescenta Maria Luísa.
Ainda que considere que o azeite está a um preço muito elevado, depois de já ter sido um produto “muito desvalorizado face aos custos de produção”, a presidente da Cooperativa Agrícola de Olivicultores de Vila Boim lembra que também o próprio mercado dita os valores a que este clássico da culinária contemporânea é comercializado.
A campanha de recolha de azeitona deste ano já teve início, mas, se por um lado, há registo de colheitas fracas, por outro, os custos na produção estão mais elevados, não esquecendo os roubos, para os quais a GNR tem vindo a alertar, apelando aos produtores para que apresentem queixa.