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“As podas brutais que deixam as oliveiras desfiguradas têm de acabar”, diz Mondragão Rodrigues

Foi com o objetivo de se promover uma melhor poda dos olivais que, na manhã desta segunda-feira, 21 de fevereiro, o Auditório Nuno Oliveira, da Escola Superior Agrária de Elvas, acolheu um workshop, com as participações do professor Francisco Mondragão Rodrigues e do investigador do departamento de Olivicultura do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária de Elvas, António Manuel Cordeiro.

As podas “brutais” que se têm vindo a fazer, no campo, e que têm deixado as oliveiras “completamente desfiguradas, com cortes enormes, que são feridas abertas que reduzem a produção”, garante Mondragão Rodrigues, para além de mais caras, são também prejudicais à própria árvore, que permitem a entrada de pragas e doenças, e ao negócio da olivicultura.

“No ano a seguir, quase não temos azeitona nenhuma”, assegura o professor, adiantando que se devem fazer “podas ligeiras, todos os anos podar, fazendo três ou quarto cortes, manter um volume da copa da oliveira mais ou menos constante, para se ter uma produção de azeitona também mais ou menos constante”. “É isso que o agricultor quer, é vender azeitona todos os anos. Não é, num ano, vender muita azeitona, podar brutalmente e, no ano a seguir, como a oliveira não tem ramos, não tem azeitona para vender”, acrescenta.

Os cuidados a ter, no decorrer da poda, foram também enumerados aos cerca de trinta agricultores e agentes do setor presentes nesta formação. Um deles é evitar-se subir à árvore para a podar. “É um risco, em termos de acidentes de trabalho, e depois, estamos em cima da árvore, com uma motosserra e não temos noção do que estamos a cortar. Podando, a partir do chão, conseguimos perceber se é preciso cortar mais algum ramo ou se já chega”, diz o professor.

Os restos da poda, revela ainda Francisco Mondragão Rodrigues, contrariamente ao que tem vindo a ser feito, devem ficar nas entrelinhas das oliveiras, e ser triturados, com um equipamento específico para o efeito, para que esses restos venham a apodrecer e a libertar matéria orgânica e nutrientes, depois absorvidos pelas oliveiras.

Quanto à poda mecânica, o professor garante que esta será uma solução, ainda que não a melhor, mas a única capaz de fazer face à falta de mão de obra que, já na última campanha da azeitona, foi evidente.

Este workshop termina, depois de almoço, com uma demonstração de poda manual num olival da região.

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