Os revendedores de botijas de gás deixaram, na passada terça-feira, 1 de novembro, de estar abrangidos pelo regime de preços máximos de venda ao público, o que quer dizer que os consumidores vão, naturalmente, enfrentar novos aumentos.
A portaria, que impunha este preço máximo, esteve em vigor entre agosto e 31 de outubro, mas não foi prolongada. A título de exemplo, nesse período, a garrafa de butano de 13 kg tinha como valor máximo 29,47 euros, enquanto as garrafas de 12,5 kg custavam até 28,34 euros.
Ainda assim, e já com a possibilidade de aumentar estes valores, a Tabacaria Painho, em Elvas, ainda não subiu os preços, garante o empresário Jorge Painho (na imagem), tendo em conta as dificuldades que a população atravessa. “Nós ainda continuamos com o preço de 31 de outubro, mas claro que vamos ter de mexer, porque os combustíveis líquidos, o diesel que é necessário à frota para fazer as entregas domiciliárias de gás não tem baixado, nem foi regulado”, adianta.
Sem adiantar valores, Jorge Painho garante que o aumento do preço das botijas de gás será pouco significativo, mas será feito ainda no decorrer deste mês de novembro. Em determinadas tipologias de garrafas, a sua loja está mesmo com margem de contribuição negativa, pelo que diz não conseguir “aguentar esta situação eternamente”.
Garantindo que não são os revendedores, mas sim as petrolíferas, “cujos lucros dispararam”, os grandes responsáveis pelos valores praticados, Jorge Painho explica ainda que, com os preços regulados, entre agosto e outubro, a Entidade Nacional para o Setor Energético (ERSE) baixou o preço de referência de venda ao público. “As companhias petrolíferas aumentaram o preço que nos faturam a nós, pelo que a nossa margem ficou negativa”, assegura.
O empresário elvense critica ainda o Governo, questionando o motivo pelo qual só os revendedores de gás é que têm sido obrigados a praticar preços regulados. “Acho isto uma hipocrisia política total e é vender gato por lebre. Porque é que não regulam também e metem preços máximos para a gasolina, o gasóleo, para o leite e para o pão?”, interroga-se.
De recordar que a Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis, que reivindicou que fosse retomada a livre fixação dos valores de venda ao público da botija de gás, exigiu a 20 de outubro a suspensão imediata dos limites dos preços, bem como outras medidas de apoio ao setor.