“A Vida Sem Água é Uma Seca”: é este o título de um livro escrito por 666 alunos, de 3º e 4º anos, de 16 agrupamentos de escolas dos 15 concelhos do Alto Alentejo.
A obra, coordenada pela Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) e pela Fábrica de Histórias, um programa de promoção do sucesso escolar da livraria “Cabeçudos – Cabeças com Ideias”, sediada em Castelo de Vide, foi apresentada na manhã desta quinta-feira, 17 de fevereiro, no Centro Cultural de Campo Maior.
A sessão de apresentação da obra, um projeto financiado a 90 por cento pelo Programa Operacional Compete 2020, revela o responsável por esta livraria exclusivamente dedicada à literatura infantil, Rui Andrade, contou com um espetáculo, criado por Sara Afonso e com música de Nuno Jesus, que transpôs para o palco o conteúdo literário e gráfico do livro.
“A ‘Fábrica de Histórias’ é um serviço educativo da ‘Cabeçudos’ que põe os alunos a criar livros – uns a escrever e outros a ilustrar. Agora, estamos a celebrar, a dar-lhes o livro, que é sobre a água”, adianta Rui Andrade. “Tínhamos quase todo o financiamento, mas a CIMAA quis-se juntar, quis que os municípios comparticipassem com os dez por cento que faltavam, e todos se juntaram, e foi a CIMAA que escolheu o tema da água; isto em julho”, acrescenta.
O livro, que o responsável diz estar “fantástico, rigoroso e bem escrito”, sobre um tema “mais que atual”, tem 80 páginas, redigidas por alunos de 4º ano e ilustradas pelos de 3º. Conta com o apoio institucional da UNESCO, do Plano Nacional da Promoção do Sucesso Escolar, da Agência Portuguesa do Ambiente e o selo “Ler+”, do Plano Nacional da Leitura.
A obra, que não será vendido, é oferecida aos autores do mesmo, bem como a todos os alunos do primeiro ciclo dos 15 concelhos do Alto Alentejo, num total de 3.700 crianças. Dividido em duas partes, o livro aborda uma das manifestações da água em cada um dos concelhos do distrito: em Campo Maior, por exemplo, as crianças escolheram a Lenda da Enxara; enquanto os de Elvas escreveram sobre as famosas Roncas, que não se tocam sem o uso da água.
Para o diretor do Agrupamento de Escolas de Campo Maior, Jaime Carmona, este trabalho, acima de tudo, serviu para ensinar aos alunos que eles “são os donos do planeta”, e que a função da escola é, acima de tudo, a agir. “Todos nós temos noção que o planeta está a caminhar para uma situação limite e precisamos de dar esse sinal”, lembra. O diretor tem ainda esperança que, depois deste trabalho, em que participaram 45 alunos campomaiorenses, estes possam, tal como ele, apaixonar-se pelos livros e pela literatura.
Já Ana Golaio, a professora responsável por agilizar o trabalho dos alunos de Campo Maior, para a produção deste livro, assegura que o produto final “está bem conseguido”, a vários níveis, começando pelo próprio título.
Para a vereadora na Câmara de Campo Maior, São Silveirinha, a iniciativa é, acima de tudo, “de louvar”. “Ao mesmo tempo que estamos a dinamizar a parte criativa, como a ilustração e a escrita, estamos a sensibilizar para uma questão tão importante como é a ambiental”, acrescenta.
A apresentação do livro será feita ainda em grande parte dos restantes concelhos do Alto Alentejo, tendo começado na passada segunda-feira, na capital de distrito.