Preocupações dos agricultores do Alto Alentejo debatidas em Elvas

Eduardo Oliveira e Sousa. Foto: CAP

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) retomou ontem, 10 de janeiro, os habituais Conselhos Consultivos Regionais, uma ronda de reuniões anuais com as suas estruturas regionais, em diferentes pontos do país, tendo o périplo deste ano começado em Elvas, com a reunião do Alto Alentejo.

Estas reuniões, segundo revela o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, voltaram agora a realizar-se de forma presencial, depois de, no ano passado, terem sido feitas online, dada a situação epidemiológica do país e as restrições impostas pela pandemia. “Este ano, a região do Alto Alentejo coincidiu com a escolha da cidade de Elvas para termos esta primeira conversa”, adianta o dirigente, dando conta de uma forte adesão das organizações do Alto Alentejo, a esta reunião, onde foram trocadas impressões sobre “as questões que mais preocupam os agricultores”.

“Tivemos 25 organizações de agricultores filiadas na CAP, da região do Alto Alentejo, que se deslocaram a Elvas, para trocarmos impressões sobre os diferentes assuntos que preocupam os agricultores, nesta fase de transição da Política Agrícola Comum (PAC), que está numa fase de passagem do quatro anterior para o próximo, fruto da aprovação da revisão da PAC, no passado mesmo de junho, em Bruxelas”, explica Oliveira e Sousa.

Neste momento, a PAC está a ser objeto de análise perante o Programa Estratégico da Política Agrícola Comum para Portugal, que esteve em discussão pública “apenas uma meia dúzia de dias”, tendo sido, de acordo com o dirigente, “já enviado, pelo Governo, para Bruxelas” e que a CAP contestou, “de alguma maneira, pela forma como o processo foi conduzido”.

Nesta reunião, em Elvas, os dirigentes locais tiveram também oportunidade de identificar os maiores problemas para, posteriormente, serem abordados, pela CAP, durante o ano, junto do novo Governo, eleito no próximo dia 30. “Não sabemos ainda com base em que partido será formado esse novo Governo, o que nos leva também a discutir matérias mais de caráter político, sobre a forma como os agricultores devem atender, nas suas organizações e associados, em função das respostas que os diferentes partidos políticos venham a dar às perguntas que venham a ser feitas, porque nem todos os partidos têm a mesma visão para a agricultura portuguesa”, adianta o presidente da CAP.

Já amanhã, a CAP promove um debate, na sua sede, em Lisboa, e com transmissão online, com os candidatos a deputados com assento no Parlamento da República, à exceção de dois partidos, para responderem a “meia dúzia” de questões identificadas, por esta, como prioritárias. Os candidatos do PAN e Bloco de Esquerda acabaram por não ser convidados a participar: “são partidos que nós, reconhecidamente, negamos em termos de filosofias que defendem para o setor e não vale a pena os trazemos à discussão”.

Em Elvas, revela ainda Eduardo Oliveira e Sousa, foram abordados os problemas relacionados com a pecuária, a falta de apoio aos cereais e a falta de mão de obra, assim como questões que, do ponto de vista da confederação, “não foram devidamente enquadradas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”. Entre estas, o presidente da CAP destaca “as questões da evolução tecnológica, apoiada na banda larga, os 5G, por exemplo, que permitirá, no futuro, avançar tecnologicamente nos processos do cultivo, seja nos mais avançados, seja naqueles que, ainda hoje, são praticados de forma mais tradicional”.

Depois de Elvas, ontem, com o Conselho Consultivo do Alto Alentejo, seguem-se na quinta-feira, dia 13, o Conselho do Baixo Alentejo e Algarve, em Mértola; na sexta-feira, dia 14, o do Oeste, em Sobral de Monte Agraço; e no dia 17, o do Ribatejo, em Torres Novas. A 26 de janeiro, a CAP promove, na Póvoa do Varzim, o Conselho Consultivo de Entre Douro e Minho; no dia 27, no Vimioso, o de Trás-os-Montes; e, por fim, no dia 28, o do Centro, em Almeida.

Os encontros contam, para além da presença do presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, com a participação do secretário-geral da Confederação, Luís Mira, assim como de todo o Departamento Técnico da Confederação, de modo virtual.