Na tarde de ontem, 101 oliventinos receberam o ‘cartão de cidadão’ português, na Casa da Cultura de Olivença (foto acima), no dia em que se realizou uma jornada técnica em torno da Lusofonia.
Este evento foi promovido pelos co-fundadores da Associação Cultural ‘Além Guadiana’, Eduardo Naharro y Joaquín Fuentes, para discutir e esclarecer alguns aspetos técnicos para a obtenção da nacionalidade portuguesa por parte dos cidadãos de Olivença, bem como os seus descendentes ou emigrantes de Olivença.
O alcalde de Olivença, Manuel González (foto ao lado) realçou o grande trabalho desenvolvido pelos membros da extinta Associação “Além Guadiana”, que “continuam a promover a cultura e a língua portuguesa em Olivença. Tendo sido esse um dos objetivos para que foi fundada a associação, mas não há dúvida que o conseguiram e foram mais longe, possibilitando a qualquer oliventino ou oliventina ter o seu cartão de nacionalidade ou bilhete de identidade, uma característica única que nos confere um valor diferencial na Península Ibérica ” O autarca oliventino destacou o valor histórico e os laços de união com Portugal “a história deu-nos ferramentas úteis no presente e que podem ajudar a continuar a construir um futuro cheio de esperança. Parte desse futuro depende das relações com Portugal”.
O processo de obtenção da nacionalidade portuguesa por oliventinos tem sido levado a cabo desde há vários anos a esta parte e algumas centenas de pessoas de Olivença obtiveram a nacionalidade portuguesa.
Em 2014, por exemplo, 80 habitantes de Olivença adquiriram a nacionalidade portuguesa, tendo sido entregues vários lotes de processos com algumas dezenas de pedidos junto do Estado português para obter a dupla nacionalidade, através da associação Além Guadiana, tal como aconteceu em 2018, quando 103 habitantes, obtiveram dupla nacionalidade.
Nas eleições legislativas de 2019, pela primeira vez na história, cerca de 500 habitantes de Olivença com dupla nacionalidade puderam exercer o seu direito de voto nas eleições para o parlamento português.
Entre os motivos que os levam a solicitar a dupla nacionalidade estão os vínculos culturais e afetivos, e sobretudo nas gerações mais jovens, o pedido de nacionalidade portuguesa baseia-se em eventuais oportunidades educativas. A estremadura é a região espanhola onde há mais alunos a estudar a língua portuguesa. Segundo dados obtidos pelo Instituto Camões, junto das autoridades educativas locais, havia na Estremadura espanhola mais de 22 mil alunos, em 2020.
António Ferreira Góis