Os trabalhadores da Hutchinson estão em greve até às 22 horas desta quinta-feira, 1 de fevereiro, numa luta que irá durar 24 horas, uma vez que começou ontem, pela mesma hora.
Maria Demétrio, uma das trabalhadoras da Hutchinson em Campo Maior, que conta com cerca de 700 trabalhadores “muito mal pagos”, revela que em causa, nesta greve, estão “o aumento salarial de cem euros, bem como as diuturnidades, porque as pessoas que trabalham há dez ou 20 anos devia receber pelo menos mais 25 euros, por cada cinco anos de trabalho na empresa”. Segundo esta trabalhadora “a empresa tem capacidade financeira para isso, porque se podem gastar um milhão de euros com robots, podem gastar esse valor connosco, porque os robots não trabalham sozinhos, alguém tem que os ligar”.
Até ao momento, adianta esta trabalhadora, não houve um acordo entre empresa e trabalhadores, pelo que se a situação se mantiver, garante que vão continuar a lutar. “A administração não fala nem com o sindicato nem com a comissão de trabalhadores e se não houver acordo prevê-se que existam mais greves”.
Maria Demétrio diz ainda que a empresa ameaçou que caso os trabalhadores avançassem com a greve iria fechar e mudar as instalações para Marrocos. Sobre isto, Maria diz: não temos medo disso, sabemos que ninguém do grupo recebe menos que nós”.
Já Eduardo Florindo, coordenador do SITESul, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul, revela que os trabalhadores aderiram em força a esta greve, em defesa das suas justas reivindicações”, pelo que esta é “uma greve histórica, e que a adesão, de cerca de 80%, revela bem o descontentamento destes trabalhadores”.
“Esperamos que a direção leia estes resultados da greve, porque desde há 24 anos que a empresa está aqui e nunca tinha acontecido nada do género, o que reflete a saturação dos trabalhadores das promessas e de não verem os seus salários aumentados”, explica.
O objetivo, adianta Eduardo Florindo, é reunir-se com a empresa, para se chegar a um consenso. “O sindicato vai enviar as conclusões desta manifestação, esperando que a comissão de trabalhadores e a direção da empresa reúna connosco, se tal não acontecer pode estar em cima da mesa mais greves e por mais dias”, garante Eduardo Florindo. Quanto à ameaça de retirar a empresa de Campo Maior, o coordenador do sindicato afirma que “esta é apenas uma chantagem”.
Já a candidata da CDU, pelo círculo eleitoral de Portalegre, Fátima Dias, marcou presença neste protesto, demonstrando-se “solidária com os trabalhadores e as suas reivindicações”, porque considera serem “justas”.
Já Pedro Reis, candidato pela CDU, proposto pelo partido Ecologista “Os Verdes”, às legislativas, manifesta também a sua “absoluta solidariedade para com estes trabalhadores, porque merecem ser bem tratados e os seus desígnios são muito importantes”. Este momento é para Pedro Reis, histórico, uma vez que segundo diz “nunca se viu nada assim em Campo Maior”.