Quando já se dava quase como certa a realização das Festas do Povo em 2023, começam a pairar, em Campo Maior, algumas dúvidas. Isto, porque o investimento avultado que a autarquia de Campo Maior terá pela frente, devido aos prejuízos causados pelas cheias – que rondam os quatro milhões de euros -, é neste momento a principal preocupação do executivo, sobretudo “se as medidas de apoio do Governo não ultrapassarem os 60%”.
Dessa forma, explica o presidente, Luís Rosinha, a prioridade que, até então, era dada às Festas do Povo, para este ano, foi mesmo “retirada da agenda política e executiva” do município.
Por mais que a Câmara Municipal tenha encerrado o ano de 2022 com “um resultado financeiro fantástico”, o autarca garante que, dentro daquilo que é a “margem de manobra” da Câmara Municipal, o município terá pela frente “um investimento muito grande”, para que a vila volte a ficar como estava antes da intempérie de 13 de dezembro. “Essa tem sido a prioridade, dos últimos tempos, de toda a Câmara Municipal; temos estado todos envolvidos naquilo que é o levantamento dos prejuízos e no acompanhamento às pessoas que, efetivamente, necessitam”, assegura.
Lembrando que a decisão da realização do maior ex-líbris de Campo Maior não é sua, nem da Câmara Municipal, Luís Rosinha, ainda assim, garante que, inevitavelmente, houve uma “mudança” no seu pensamento sobre aquilo que podia ser este novo ano de 2023. “Podemos avançar para as Festas do Povo, mas isto não é uma decisão única e exclusiva do presidente, nem pode ser. Aquilo que nós temos de fazer é voltar todos a conversar sobre o momento que estamos a viver. Temos um ano económico que começa com estas questões da inflação e temos de perceber se nos vamos meter num evento que custaria determinado valor e que, neste momento, poderá ultrapassar os orçamentos dos anos anteriores”, garante.
Com a realização do evento, a Câmara Municipal, que é uma “apoiante” das Festas do Povo, poderá ter “mais algumas dificuldades financeiras”, provocadas pela questão do mau tempo, que não tinha há um mês.
Os campomaiorenses, defende ainda o autarca, devem também ter uma palavra a dizer e “manifestar a sua vontade, que isso é obrigatório, porque as festas são, claramente, do povo”. “A Câmara Municipal estará cá sempre para apoiar, mas não esconderá que, neste momento, tem dificuldades que há uns meses não tinha”, assegura.
Sendo a “última palavra” sempre dos campomaiorenses, o município pretende, entretanto, promover uma reunião de trabalho “mais alargada” para, junto dos cabeças de rua, pensar como é que se pode, ou não, realizar o evento. “O tempo começa a fugir-nos das mãos, temos de olhar para os timmings, para a questão dos custos e para o posicionamento económico da Câmara Municipal, e, entre todos, tomarmos uma decisão”, acrescenta Luís Rosinha.
“Sempre e quando o povo quiser, a Câmara Municipal, obrigatoriamente, estará ao lado do povo naquilo que possa ser a concretização do evento”, remata o presidente.