No Lar Santa Beatriz, em Campo Maior, os dias são preenchidos e a rotina é algo essencial para organizar o tempo e orientar as tarefas diárias.
O dia começa cedo, segundo Alexandra Mamede, animadora sociocultural do Lar Santa Beatriz: “o pequeno-almoço inicia-se às 9 horas. No final do pequeno-almoço começam as rotinas das atividades, por volta das 10 horas, com as terapias e o movimento de outras atividades”. Depois de almoço, as atividades voltam na parte da tarde até às 16 horas. “O lanche termina por volta das 16h30. Este período é muito destinado às visitas, é o momento em que o nosso lar fica cheio de familiares. A seguir às visitas, o jantar é servido às 19 horas, e por volta das 20, começam os deitares”, explica ainda.
Alexandrina Abreu, utente do Centro de Dia, tem 88 anos e está na instituição há quase dez anos, após o falecimento do marido. A maior parte da sua vida foi a trabalhar no campo “a colher azeitona, a ceifar e a tirar a erva do trigo”. Relativamente à ida para o Centro de Dia, Alexandria Abreu diz que foi “de livre vontade”. “Ainda arrumava a minha casa, mas para não estar sozinha decidi vir para aqui”, explica. “A minha rotina no Centro de Dia é estar aqui o dia todo e voltar para casa e ver só paredes, vejo um bocadinho de televisão e às 19h30 estou deitada. No outro dia acordo às 7h30 e venho novamente para o lar”, conta ainda Alexandrina Abreu.
Já João Matias, utente do Lar Santa Beatriz, explica que a sua profissão foi “andar no campo até aos 20 e poucos anos”. Entrou depois para a tropa e, mais tarde, voltou novamente a trabalhar no campo. No entanto, apercebeu-se que não era algo que realmente queria. “Fui para guarda-florestal auxiliar durante 12 anos, mas cansei-me e tirei a carta de pesados. Nesta profissão andei por muitos lugares. O meu último trabalho foi na Cooperativa Agrícola do Caia”, recorda.
Com 95 anos, João Matias, segundo conta, ainda conduz e faz alguns afazeres fora da instituição, como pagar o seguro do carro e a água. “Tenho uma vida ativa no lar, vou para onde me apetece, informando sempre do sítio. Vou pagar a água, pagar os medicamentos e o seguro do carro”. Quando existem atividades dentro da instituição, João Matias, diz que participa em todas. “Só não participo, como gosto muito. Há uma atividade em especial que tenho pena de não haver mais vezes, que são os bailaricos”.
João Matias esteve no Centro de Dia do Lar Santa Beatriz durante 16 anos. Posteriormente mudou-se definitivamente para o Lar de Santa Beatriz há seis anos. “Esta muito provavelmente vai ser a minha última casa”, acrescenta João Matias.
O dia a dia no Lar Santa Beatriz que começa cedo e tem toda uma rotina planeada.