Vários grandes projetos solares receberam do Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF) autorização para o abate de 3.775 sobreiros e azinheiras. Os grupos ambientalistas apontam para o triplo das árvores abatidas.
O ICNF indicou ao jornal Expresso que entre 2020 e 2022 autorizou o abate de 3376 sobreiros e 399 azinheiras em três centrais solares (em Penamacor, Gavião e Santa Maria da Feira).
A verificação do cumprimento dos abates é feita pelos elementos do serviço de proteção da natureza da GNR que fazem a fiscalização aleatoriamente e o ICNF só vai verificar no terreno se houver queixas. Estas 3.775 árvores protegidas por lei correspondem a perto de um terço do número estimado pelo Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) com base na análise dos estudos de impacte ambiental (EIA) de 13 grandes projetos de energia solar fotovoltaica no país.
A contagem feita pelos ambientalistas aponta para o abate de 15.800 sobreiros e azinheiras e mais de 1,5 milhões de eucaliptos.
Em Gavião, o projeto Margalha da Akuo Renováveis, uma empresa francesa com sede em Paris, do setor da energia renovável, presente nas áreas de energia solar, eólica, biomassa, hidráulica e armazenamento, conta com mais de quinze sites, para uma capacidade instalada e em construção de 1,3 GW, no final de 2020. Conta com mais de 350 colaboradores e registou um volume de negócios de 288 milhões de euros em 2020. A energia foto voltaica é segunda fonte de produção da Akuo Energy, gerando 30% das vendas totais de energia do grupo.
Segundo o Expresso, a Akuo tem licença para abater 1079 sobreiros e 4 azinheiras, além de milhares de eucaliptos. Terá uma potência de 144 megawatts (MW). A empresa sublinha a existência de “fortes medidas de compensação”, incluindo a plantação de 80 hectares de sobreiros.