As queixas por violência doméstica registaram em 2022 o valor mais elevado dos últimos quatro anos, com a PSP e a GNR a contabilizarem mais de 30 mil ocorrências, a nível nacional.
No caso do distrito de Évora o aumento de processos face a 2021 é de 15%. “Se compararmos 2022 com 2021, sofremos um aumento de pedidos de ajuda, em 15%, tivemos mais vítimas em atendimento, mais pedidos de ajuda e mais casos registados, o que corresponde a mais 25 pessoas registadas”, revela Ana Matias, coordenadora técnica do Núcleo de Apoio à Vítima de Violência doméstica do distrito,
Ana Matias acrescenta que os concelhos, de todo o distrito, com maior aumento são Évora e Viana do Alentejo, isto porque “a sede do núcleo é em Évora, um espaço aberto a toda a comunidade e há mais conhecimento deste local e também porque há uma rede local que funcionou em Viana do Alentejo, pelo que as pessoas já conhecem estes locais e, nesta área uma das respostas a este flagelo é termos redes locais e parcerias robustas para responder às necessidades que as vítimas de violência doméstica nos apresentam, em sede de atendimento”.
A coordenadora técnica do Núcleo de Évora revela ainda que estes números revelam que “o crime de violência doméstica continua a existir, é grave e tem de ser enfrentado”, demonstrando preocupação pelo facto de apenas “um terço das ocorrências ser reportado, o que significa que há muitos casos que nunca nos vão chegar e isso tem de ser uma preocupação”.
Estes números, para Ana Matias, mostram que este crime “não está nem vai abrandar”, no entanto acredita que “as pessoas estão mais sensibilizadas para estas questões, e é importante ter em conta que este é um crime e sabemos que a pandemia agravou a situação destas vítimas, e estes anos foram um gatilho para a violência, passado esse tempo já se esperava que houvesse um aumento das denúncias”.
A coordenadora técnica Núcleo de Apoio à Vítima de Violência doméstica de Évora considera ainda importante que para além da denúncia, as vítimas serem apoiadas a vários níveis, nomeadamente “apoio na habitação e emprego, para que a autonomia da vítima seja feita com dignidade”.
A resposta ao crime de violência doméstica passa pela questão da “prevenção, proteção e punição por parte de quem agride e, há mais duas componentes que é um trabalho científico rigoroso e político sério, para dar uma resposta eficaz a quem precisa de ajuda, porque a violência doméstica não tem de ser uma condição”, remata Ana Matias.