Elvas: mais incêndios, mas menos área ardida do que em 2021

Tiago Bugio, comandante dos Bombeiros de Elvas

Termina amanhã, dia 30 de setembro, o chamado Período Crítico de Incêndios, que teve início, em todo o território nacional, a 1 de julho.

No concelho de Elvas, ainda assim, e segundo revela o comandante dos Bombeiros, Tiago Bugio, julho e agosto foram meses “mais calmos”, com a maioria dos incêndios registados em maio e junho, devido, sobretudo, aos trabalhos agrícolas. Desde maio e até ao início deste mês de setembro, adianta o comandante, foram registadas 42 ignições no concelho.

“Foram incêndios que, devido à musculada ação, logo na fase inicial, conseguimos segurar, numa fase nascente, pelo que não tiveram grandes proporções. Houve apenas um incêndio, com mais área ardida, que veio do lado espanhol, na zona do Caia, que nos deu um bocadinho mais de trabalho, e em que teve um meio aéreo espanhol a atuar nesse teatro de operações”, revela.

Comparativamente ao ano passado, Tiago Bugio assegura que, embora o número de incêndios no concelho tenha sido superior, uma vez que, neste período, em 2021, foram registadas 36 ignições, a área ardida foi “muito inferior”. Desta forma, o comandante assegura que este foi “um bom ano” em termos de incêndios rurais no concelho, sem registo de danos avultados.

Logo a partir do passado dia 15 de maio, os Bombeiros de Elvas tiveram empenhadas duas equipas de combate a incêndios e uma de abastecimento, com dois veículos de combate a incêndios e um autotanque. A partir de 1 de junho, como o concelho “tem características próprias e é no período em que se registam mais ignições”, a corporação passou a ter disponível três equipas de combate, para além da de abastecimento. “A acrescentar a estas equipas, temos também uma equipa de intervenção permanente, nos bombeiros, que é sempre uma mais-valia, que dá apoio a estas equipas de combate”, adianta Tiago Bugio.

Todas as saídas dos meios dos Bombeiros de Elvas, para estes incêndios, foram acompanhadas “sempre” por um elemento de comando, sendo considerando “tão importante”, pelo comandante, o combate aos incêndios, como a coordenação dos meios.

Neste período, os Bombeiros de Elvas acabaram por reforçar e apoiar outras corporações, no combate às chamas, em Silves, Ourém, Guarda, Covilhã, Abrantes, com “mais empenhamento” nos incêndios ocorridos na Serra da Estrela e no concelho de Ourém. Os elementos da corporação ultrapassaram, “largamente”, mais de dez mil quilómetros de deslocações percorridos para fora do concelho.

“Em todas as saídas das corporações do distrito de Portalegre, os Bombeiros Voluntárias de Elvas estiveram sempre presentes, o que demonstra a sua capacidade, a sua operacionalidade, que se deve àquela massa humana espetacular, que é o corpo de bombeiros”, diz ainda.

Os Bombeiros de Elvas chegaram a ter empenhados, só no incêndio da Serra da Estrela, duas equipas de combate a incêndios, um veículo de comando e um veículo de abastecimento. “Tínhamos que render o pessoal, e nós estávamos a fazê-lo de 24 em 24 horas, porque é fundamental o pessoal estar bem a psicológica e fisicamente, porque eram incêndios que requeriam muito fisicamente dos nossos operacionais, e nós temos de olhar para os nossos operacionais, porque é o melhor que nós temos. Com melhores ou piores veículos, com melhores ou piores condições, nós conseguimos ir respondendo. Sem operacionais, não conseguimos responder”, remata Tiago Bugio.

A meio de agosto, o balanço provisório dos incêndios na União Europeia apontava para mais de 660 mil hectares ardidos desde janeiro, sendo Portugal o terceiro país com maior área ardida.