Luís Vicente Trio abre 17º Portalegre JazzFest

Dois anos passados após a última edição, o Festival Internacional de Jazz de Portalegre está de regresso ao Centro de Artes e do Espetáculo da cidade, para três dias, entre esta quinta-feira, 7 de julho, e sábado, dia 9, de muita música.

Sendo um evento “já consolidado”, chegando agora à sua 17ª edição, o diretor artístico do centro, Joaquim Ribeiro, promete “dias intensos”, com uma programação muito centrada no jazz nacional. Joaquim Ribeiro diz-se expectante em relação à reação do público a esta edição do festival, tendo em conta estes dois últimos anos de pandemia, assegurando que as “consequências imprevistas” sejam transversais a todas as salas de espetáculos do país.

O festival tem início hoje, pelas 18.30 horas, com um concerto de Luís Vicente Trio. Segue-se um espetáculo do quarteto norueguês Cortex, às 21.30 horas.

Luís Vicente é um dos mais ativos músicos de jazz ou música improvisada em Portugal e nitidamente um dos que alcançaram maior projeção internacional nos últimos anos, ao ponto do número de concertos em palcos internacionais ultrapassar por larga margem os que opera cá no burgo. “Chanting in the name of” é mais uma espécie de trio dourado, por incluir os imparáveis Gonçalo Almeida (Spinifex, Ritual habitual, Lama, The Selva), no Contrabaixo e Pedro Melo Alves (The Rite of Trio, Omniae Ensemble e Large Ensemble, In Igma, duo com Pedro Carneiro), na Bateria. Talvez não seja injusto elevar este grupo ao mais alto patamar do jazz espiritual alguma vez feito em Portugal. Composições abertas e fire music em combustão lenta, contrariando o desfilar de solos e apostando numa improvisação construtiva envolta num manto mágico, como se o resultado da sua música constituísse um género por si só.

Os membros do quarteto norueguês Cortex fazem parte de uma nova geração, que está a mudar a face do jazz no Norte da Europa. Os Cortex praticam um jazz energético, que tem como referências tanto a longa e profícua associação de Don Cherry com Ornette Coleman, como a mais recente associação de Dave Douglas com John Zorn, no formato original dos Masada. O que distingue os Cortex é a valorização do fator intensidade. Os títulos das peças que editaram em disco dizem tudo quanto a isso: “Nicotine”, “Endorphine” e “Desibel”, são três exemplos que remetem para fatores de excitação dos sentidos. Johansson e os seus parceiros são menos subtis do que aquilo que ouvimos em discos históricos, como “The Shape of Jazz to Come” e “Alef” – preferindo cortar a direito para chegarem onde desejam. E no entanto, trabalham mais a melodia e a pulsação, com a música a parecer assim menos escura e mais leve. Como se fosse um passeio na montanha em plena Primavera.