O Núcleo de Portalegre do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) veio, recentemente, e tendo em conta a situação vivida no Afeganistão, com os talibãs a assumirem o controlo da cidade de Cabul, bem como o governo do país, após a retirada das tropas dos EUA, manifestar a sua solidariedade para com o povo afegão e os direitos e a liberdade das mulheres.
Através de um comunicado, o núcleo do movimento relembra que esta “não é a história dos talibãs maus e dos soldados americanos bons que tanto lutaram pela democracia liberal”. Beatriz Perinha, membro do MDM e responsável por esse mesmo comunicado, lembra que todos, em Portugal, ficaram “muito sensíveis” com as notícias que vieram a público sobre a situação, ainda que tenham acabado por surgir duas correntes de opinião: por um lado, que os EUA nunca deviam ter estado no Afeganistão; por outro, sobre o que as mulheres vão passar com a retoma dos talibãs ao poder.
O MDM, garante Beatriz Perinha, defende que não foi com a saída das tropas que as mulheres afegãs perderam todos os seus direitos, sendo que os militares, enquanto estiveram no Afeganistão, não garantiam a segurança e a paz no país.
“É importante realçar que também lhes devemos o respeito de entender que a opressão que vivem nada tem haver com a sua religião. Mais do que nunca, é crucial separar o que é a religião muçulmana e as escolhas das mulheres muçulmanas tomam perante as suas crenças, de um grupo fundamentalista. É importante sim responsabilizar toda a estrutura em que vivemos e não uma religião que já sofre tantos preconceitos no Ocidente”, revela o MDM.
Quando se fala na possibilidade de alguns refugiados serem recebidos em Portugal, as opiniões dividem-se. Beatriz Perinha, ainda assim, assegura que é impossível não se ficar sensibilizado com a situação, e que, quem considera que essas pessoas não devem ser acolhidas no país, acabam por revelar algum egoísmo.
A presença dos talibãs, garante ainda Beatriz Perinha, vai dificultar muito a vida daquele povo, entre outros, ao nível da educação e da saúde. Também os direitos das mulheres estão agora totalmente ameaçados, sendo o uso obrigatório da burka considerado uma violência muito grande.