Um estudo internacional, liderado por Diogo Alagador, investigador do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED) da Universidade de Évora (UÉ), permitiu apurar qual o desempenho esperado das áreas protegidas na região central do México para a proteção de 94 vertebrados terrestres (dez anfíbios, 13 répteis, 50 aves e 21 mamíferos), com níveis variados mas preocupantes de ameaça, sobre diferentes cenários de mudança climática na região.
Por forma a apoiar a tomada de decisões num contexto nacional em que se abrem oportunidades para a redefinição da política de conservação local, o Governo do Estado do México, delegou no Instituto de Biodiversidade Nacional (CONABIO: Comisión Nacional para el Conocimiento y Uso de la Biodiversidad), colaborante no estudo, uma análise perspetiva. A existência de uma rede colaborativa com a Cátedra da Biodiversidade da UÉ permitiu desenvolver toda a abordagem analítica na academia eborense, sob coordenação do investigador Diogo Alagador. Neste estudo foi avaliado o desempenho atual das áreas protegidas e identificadas oportunidades para a proteção de espécies que se apresentam ameaçadas a nível nacional (algumas delas em risco de extinção global).
Com base no desenvolvimento de um índice que integra, de forma complementar, informação referente à evolução e à disponibilidade do espaço climático adequado a cada espécie ao longo do tempo, observou-se que menos de metade das áreas protegidas existentes na região incorporam condições adequadas à persistência da maioria das espécies. Verificou-se igualmente que para a maioria das espécies, as áreas nucleares de maior estabilidade climática ocorrem predominantemente fora de áreas protegidas. Ao identificar as áreas que melhor complementam as áreas protegidas existentes na proteção do conjunto das espécies, o investigador da UÉ observa, “de forma preocupante, que essas áreas incorporam ou são vizinhas a faixas extensas de práticas agrícolas e pecuárias intensivas”.
Este trabalho “definiu um esboço de um plano de persuasão de autoridades nacionais e locais para adoção de planos territoriais a longo prazo, reconciliadores, onde a sustentabilidade ecológica seja parte fundamental no objetivo final”, assinala Diogo Alagador. O desenvolvimento de uma economia de índole natural e a adoção de um planeamento misto de medidas integrativas com um uso racional dos recursos, e segregativas de atividades com impactes ecológicos negativos revela-se como a estratégia inteligente na persecução das novas políticas de biodiversidade e uso do solo, menciona igualmente o investigador do MED.
É neste contexto que planos de base científica, como o apresentado, “permitem trabalhar na complexidade que envolve a dinâmica de sistemas de natureza bio-socioeconómica e identificar soluções otimizadas, objeto posterior de reanálise para a sua viabilidade” assume Diogo Alagador. Sublinhe-se que, com este estudo, a primeira etapa deste delineamento fica completa.