Skip to content

Alentejo apresenta progressos na reciclagem mas vidro continua a falhar

Imagem: Sociedade Ponto Verde

De acordo com dados da Sociedade Ponto Verde (SPV), a região do Alentejo alcançou em 2024 uma retoma média de 46,8 quilos de embalagens por habitante, ultrapassando a meta nacional definida para esse ano (44,9 quilos).

Entre 2020 e 2024, o crescimento regional foi de 16%, sustentado por um aumento de 31% nos valores de contrapartida financeira pagos aos sistemas de gestão de resíduos urbanos da região (SGRU), que passaram de 4,9 milhões de euros em 2020 para 6,4 milhões em 2024.

Apesar destes progressos, o vidro continua a ser o elo mais fraco da região. Em quatro anos, a evolução foi de apenas 9%, mesmo com uma subida de 28% no valor de contrapartida pago para este fluxo. Apenas um SGRU se aproximou da meta em 2024, mas ainda longe do objetivo estabelecido para 2025.

No detalhe local, é possível verificar fortes disparidades: territórios como Beja e Cuba apresentam resultados muito positivos em relação às metas nacionais de retoma de embalagens, enquanto outras regiões representam uma oportunidade de reforço, tais como Évora, Samora Correia e Sines. No que diz respeito ao vidro, Cuba é a única área que se aproxima da meta estabelecida.

Com o reforço do investimento a nível nacional no Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) — que contará em 2025 com 219 milhões de euros, mais 99 milhões do que no ano anterior —, as autarquias alentejanas assumem agora uma responsabilidade acrescida. A Sociedade Ponto Verde sublinha que o financiamento que cabe a esta região deve traduzir-se em resultados visíveis no terreno, com mais ecopontos, recolhas mais frequentes, inovação tecnológica e maior envolvimento cívico. “A gestão de resíduos não pode continuar a ser vista apenas como um problema técnico. É, acima de tudo, uma questão de cidadania, equidade e compromisso com o futuro das comunidades”, afirma Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde.

No plano nacional, a taxa de retoma de embalagens foi de 57,8% em 2024, ainda distante da meta de 65% para 2025. Mesmo com um investimento de 95 milhões de euros só no primeiro semestre de 2025, o aumento foi de apenas 2% face ao ano anterior, registando-se ainda uma quebra de 1% na reciclagem de vidro, equivalente a menos 1.300 toneladas.

Para enfrentar estes desafios, a SPV apresenta propostas concretas e reformas estruturais nos serviços de gestão dos resíduos urbanos: reforçar a colocação e manutenção de ecopontos, aumentar a frequência das recolhas, apostar em sensores e rotas inteligentes, criar mecanismos de recompensa para cidadãos que separam corretamente, apoiar cadeias de produção locais mais circulares e intensificar programas de literacia ambiental em escolas e comunidades.

Com este manifesto regional, a Sociedade Ponto Verde pretende devolver à agenda política local um tema praticamente ausente do debate autárquico: a sustentabilidade. “Mais do que discutir metas distantes, trata-se de promover soluções de proximidade, capazes de transformar investimento em impacto e garantir que o Alentejo se afirme como um exemplo de sustentabilidade, justiça ambiental e qualidade de vida”, reforça Ana Trigo Morais.

Compartilhe este artigo: