A Saúde Mental é um dos temas em debate, no decorrer da Semana Aberta, iniciativa que se estende até sexta-feira, dia 8 de abril, no Agrupamento de Escolas nº3 de Elvas.
Falar de ansiedade e depressão, sobretudo, depois de mais de dois anos de pandemia, defende a diretora, Fátima Pinto, é muito importante, até porque as mudanças comportamentais de todos são notórias, sobretudo dos jovens, por estarem ainda a formar a sua personalidade e o seu caráter. “Há muita ansiedade, muita impotência, ou seja, o aluno sentiu que, durante a pandemia, tudo era muito fácil e, depois, quando retomou as atividades letivas, sentiu-se, muitas das vezes, incapaz”, adianta a professora, assegurando que essa incapacidade criou nos jovens “grande ansiedade e grandes problemas de autocontrolo”.
A estes jovens, garante Fátima Pinto, há que dar a entender que “não estão sozinhos”, porque “muitas vezes fecham-se”. “Isso é normal, após estes dois anos de pandemia, mas isso tem de ser trabalho, e nós, professores, temos de estar atentos, mas também ouvir os técnicos da saúde”, acrescenta. São estas palestras que “podem desvendar, um bocadinho, aquilo que se passa dentro deste jovem e ele perceber que pode e deve melhorar, se se aperceber do que é que tem”, diz ainda a diretora.
A Rádio ELVAS acompanhou uma destas palestras, conduzida pela enfermeira Carla Temudo. Esta profissional de saúde, afeta ao Centro de Respostas Integradas (CRI) de Elvas, lembra que a própria adolescência, já por si, é uma fase em que os jovens enfrentam muitas adversidades a nível emocional, sendo que os últimos dois anos foram, em muitos casos, “de sérios problemas em casa”, como nas relações com os colegas e amigos. “O regresso à escola acaba por mostrar aos professores sérias dificuldades e desafios que eles mesmos querem ver respondidos por nós, os serviços de saúde, de forma a podermos ajudar”, assegura.
Depois de uma primeira conversa com os jovens, Carla Temudo revela que é ainda muito difícil para estes combater o estigma da doença mental, tendo, inclusive, alguma dificuldade em reconhecer o que esta é, ou não é. “Mas senti neles essa procura em querer saber”, diz, ainda assim. “É um tema que tem de estar em cima da mesa, quer na escola, quer em casa, porque pode vir a ser banalizado, mas que pode vir a desenvolver um problema”, acrescenta.
A prevenção, lembra ainda enfermeira, para os casos de doença mental associados a vícios, como o do uso excessivo das redes sociais e dos videojogos, como em qualquer outra situação, é fundamental, podendo ser feita através de um contrato. “A receita é ter um contrato com os seus pares, em que todos têm de ser participantes. Nós somos uma sociedade de contactos e não podemos ver o mundo digital como um inimigo, mas tem de ter uma certa regra, como tudo na vida”, remata.
A Semana Aberta no Agrupamento de Escolas nº3 de Elvas decorre até sexta-feira, tendo, na sua programação, entre outras atividades, incluída a 24ª edição do Festival Internacional de Teatro Improvis’ARTE.