O campo, na Estremadura Espanhola, e à semelhança do que acontece no Alentejo e em Portugal, continua sem ver chuva, e a Agência Meteorológica não prevê qualquer precipitação abundante na região, pelo menos nos próximos dias.
Consequentemente, se a situação de seca que a Estremadura vive, continua prolongar-se, daqui a duas semanas, a produção de culturas como tomate, arroz ou milho poderá ser seriamente reduzida. É o que afirmam as organizações agrárias ao El Periodico Extremadura, que concordam exigir que as administrações públicas implementem medidas urgentes para tentar aliviar uma situação que hoje é “insustentável”.
O porta-voz do governo regional, Juan Antonio González, adiantou ontem, que os ministros da Agricultura de Espanha e Portugal vão realizar na próxima segunda-feira um encontro com responsáveis europeus para reclamar fundos comunitários para ajudar a mitigar os efeitos da falta de água. Na conferência de imprensa após o Conselho do BCE, González transmitiu “o compromisso” do Executivo com o sector agropecuário, uma vez que é “fundamental” no Produto Interno Bruto (PIB) da Estremadura.
O presidente da Junta da Extremadura, Guillermo Fernández Vara, sobre este assunto, sublinhou que o setor agroalimentar da Extremadura representa “uma parte importante da nossa economia e do nosso modo de vida, que temos de defender”.
Por outro lado, as organizações agrárias manifestam a sua preocupação com a situação nos campos da Estremadura, uma vez que não podem esperar mais, para que sejam tomadas medidas a este respeito. “As culturas de sequeiro e as pastagens estão no limite, se não chover em 15 dias podem perder-se”, lamenta o presidente da Asaja Extremadura, Ángel García. “A situação é catastrófica e esperamos que o Conselho de Ministros tome uma decisão em breve. Isso pode ser amenizado com medidas de natureza fiscal ou auxílio direto aos agricultores, autorizadas pela União Europeia e pelo Governo”.
Já o presidente da Apag Extremadura, Juan Metidieri, concorda que a situação é “muito complicada”. “A alimentação, nas nossas pastagens, para o gado é praticamente inexistente e tem de ser complementada com ração”. A isto junta-se o facto de as albufeiras da Extremadura estarem a 38,12% da sua capacidade total. “Não temos qualquer tipo de resposta das Administrações quando o que pedimos é certeza”.
“Precisamos de um plano de choque, do ponto de vista económico, com medidas urgentes”, afirma o secretário de Agricultura da UPA-UCE Extremadura, José Cruz. “Muitas famílias estão a ser afetadas e a situação é muito preocupante, não só na agricultura e pecuária, mas também para as empresas auxiliares que complementam essas atividades”, afirma. “As pastagens para o gado estão a ser consumidas e as culturas irrigadas precisam de muita água”, diz Cruz, que acrescenta que a seca pode ter consequências negativas “na economia da Extremadura como um todo”.
As organizações agrárias exigiram, ontem, que o seguro de compensação de pastagens mostre a realidade que vive o campo da Estremadura, perante a pior seca, dos últimos 25 anos, e que não está refletido nas últimas leituras publicadas pela Agroseguro. Metidieri assegurou ontem que este seguro está “condenado a desaparecer” por se tratar de um “golpe e engano” aos agricultores, para o qual solicita o parecer de peritos, no terreno, e não por satélite como se faz atualmente.
Para tornar clara esta reclamação pública, os agricultores da região estiveram ontem em frente às instalações da Agroseguro, na Estremadura, em Cáceres, com um cartaz que dizia: “Agroseguro, sinto-me enganado”.