O recém reeleito presidente da Câmara de Elvas, Rondão Almeida, escreveu um artigo de opinião para o Diário de Notícias, intitulado “A política como missão de serviço público”, onde descreve o seu percurso politico e destaca aquele que deve ser caso único da politica autárquica nacional, todos os eleitos em três forças politicas, com pelouros num governo local, por oposição a situação de crise nacional onde o parlamento será dissolvido e estão marcadas eleições para 30 de janeiro e que transcrevemos aqui:
“Elvense de nascimento, foi em Évora que me iniciei na vida política, tendo assumido vários cargos. Em 1993 cheguei a Elvas como um candidato improvável, a quem não anteviam a vitória que viria a concretizar-se nas urnas, com maioria absoluta. Começava aqui um ciclo de 20 anos à frente dos destinos de uma das mais belas cidades de Portugal: Elvas.
Ao longo destes 20 anos, eleito sempre com maiorias absolutas, assumi a política como uma missão de serviço público. Um trabalho em prol da população do meu concelho, tendo, em termos financeiros, resolvido a situação difícil que a câmara atravessava.
Neste trajeto, dotei de todas as condições para a prática desportiva, cultural e de lazer, quer as freguesias urbanas quer as rurais e hoje em todas elas se consegue dar resposta aos residentes, desde o mais pequenino à terceira idade.
Em termos culturais, para além da requalificação que fizemos nos espaços existentes, organizámos grandes eventos aproveitando estas infraestruturas. A construção do Coliseu Comendador Rondão Almeida veio abrir uma janela de oportunidades nesta vertente.
Desde a sua abertura, em 2004, transformou-se na maior sala de espetáculos do Alentejo e um dos maiores coliseus do país. Com esta infraestrutura, Elvas passou a ser ainda mais uma cidade de eventos ao acolher espetáculos de todo o género. Ganharam os elvenses e os milhares de portugueses e espanhóis que, vindos de fora de Elvas, nos visitam.
Com uma lotação máxima que excede as 5500 pessoas, o que o torna um dos maiores espaços do seu género no sul do país, é palco de uma diversidade de eventos: desde concertos, a eventos desportivos, congressos e tauromaquia. No inverno Elvas já se tornou referência com a sua pista de gelo, coberta, e uma das maiores da Península Ibérica.
Na área desportiva, Elvas é hoje uma cidade dotada de todas as condições para acolher qualquer evento, em qualquer vertente desportiva. Temos quatro campos de futebol, uma pista de atletismo, piscinas, polidesportivos, um pavilhão desportivo, padel e ténis.
Em 2012 foi com orgulho que vimos a UNESCO classificar-nos como “Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações”, um trabalho árduo que conseguimos levar a bom porto e que catapultou Elvas, em termos turísticos, para o panorama nacional e internacional.
De uma cidade de interior, praticamente esquecida e de passagem para Badajoz, colocámos Elvas numa posição estratégica, na ligação Lisboa-Madrid, voltando a conquistar o seu lugar de Chave do Reino.
Aos 78 anos, é isto que considero ser a missão de um autarca: esta relação de proximidade com a sua população, ouvir e resolver os problemas que vão surgindo. Uma missão que nunca termina, que todos os dias abraçamos e tentamos levar a bom porto.
Sofremos alguns reveses nesta batalha que travamos, nem sempre conseguimos dar a melhor resposta aos nossos cidadãos, mas tenho a consciência de que tudo o que fiz foi em prol dos elvenses. Em 2013 deixei o cargo pela lei da limitação de mandatos, mas não abandonei a causa pública.
Após oito anos, como vereador, o povo voltou a manifestar a sua confiança no meu trabalho, e não vejo como entrave a idade, como alguns o afirmaram, mas sim como um incentivo. A experiência que adquiri ao longo destes anos permite-me ter mais sabedoria para desempenhar este papel.
Esta é a forma de se fazer política em Portugal. Na política não podemos olhar a partidos, mas sim ao que é melhor para a nossa população. Em Elvas, reuni três forças políticas: PS e PSD/CDS-PP e um movimento cívico, num “governo” único para os elvenses, unindo o que de melhor cada um pode fazer pelos nossos conterrâneos.
É este exemplo que quero deixar aos mais novos, numa altura em que a política não tem a melhor imagem pública. Hoje são poucos os que se reveem nos nossos políticos, talvez porque se tenham afastado da sua missão: o serviço público.
Hoje vive-se uma crise política, nacional, como muitas outras pelas quais já passámos. Estas situações colocam o país à prova e levam à desconfiança e à falta de credibilidade, com que hoje em dia são vistos os detentores de cargos públicos. Uma situação na qual não me revejo.
E, nesse sentido, quero deixar uma mensagem aos mais novos, para que não se coloquem à parte e sejam, cada vez mais, o futuro da política, assumindo esta missão de serviço público, em prol dos seus cidadãos.”