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Mensagem de Natal: Arcebispo de Évora lembra os “idosos abandonados pelas famílias” e as pessoas com deficiência

Na sua habitual Mensagem de Natal, o arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, recorda, desta vez, “a urgência dos idosos abandonados pela família, ou já sem família; as crianças e as pessoas com qualquer tipo de deficiência, bem como os sós, quer em instituições, quer em domicílio próprio ou familiar”.

O arcebispo apela ainda à importância de todos “sermos Natal para os que chegam e batem à nossa porta. Que em cada dia desta época nova, não sejamos Belém encerrada para Maria e José, mas presépio e colo amplamente aberto para pastores e magos”.

A mensagem para ler na íntegra:

“À Arquidiocese de Évora,

Em Tempo de Natal, preparemo-nos com a ajuda de Maria e de José para o nascimento de Cristo, o Filho de Deus, que assumiu a nossa humanidade até às suas últimas consequências, excepto no pecado. É neste contexto, que esta Mensagem de Natal se insere e se apresenta, apenas para compartilhar o sublinhado de uma Beleza que fala por si, mas que por ser menos interiorizada e contemplada do que utilizada, corre o risco de ser banalizada e instrumentalizada.

Em primeiro lugar, o Natal proclama que o Amor que Deus nos tem é tão grande, que quis viver connosco a nossa condição humana, fazendo-se um Menino: débil, indefeso, necessitado dos cuidados de Maria e José.

Este Menino que contemplamos no presépio passará a maior parte da sua vida, como um de nós, entre tantos: na comunidade judaica do Egipto e depois, em Nazaré, convivendo com os seus familiares, amigos e conterrâneos, participando nas festas e rituais judaicos, e também nas dificuldades do seu povo. Certamente, como todos os meninos do seu tempo, aprendendo e trabalhando nas lides de S. José.

Ao contemplar a Sagrada Família no presépio de Belém, somos levados a recordar a situação de tantas pessoas, que à semelhança de Maria e José, carecem do necessário para cuidar de seus filhos. Como não recordar todas as famílias, vítimas da pobreza e das guerras, no dizer do saudoso Papa Francisco, espalhadas como que aos pedaços pelo mundo? Neste inverno, como não nos solidarizar, especialmente com as vítimas da guerra da Ucrânia e de Gaza na Palestina, com todos, mas sobretudo com as crianças, os anciãos e os frágeis?

A este propósito, recordemos algumas palavras do Santo Padre, o Papa Leão XIV na sua exortação apostólica “Dilexi Te”: “Nenhuma expressão de carinho, nem mesmo a menor delas, será esquecida, especialmente se dirigida a quem se encontra na dor, sozinho, necessitado”(N.4). À Luz destas palavras de Pedro dos nossos dias, exorto-vos e ânimo-vos a que neste Natal do Ano Santo 2025, estejam presentes nas vossas famílias gestos concretos de afecto, presença e solidariedade para com os mais necessitados, porventura vossos vizinhos, conhecidos ou familiares, transfigurando em cada um deles o próprio Jesus nascido em Belém.

Seja-me permitido sublinhar a urgência dos idosos abandonados pela família, ou já sem família; as crianças e as pessoas com qualquer tipo de deficiência, bem como os sós, quer em instituições, quer em domicílio próprio ou familiar. Se estes gestos forem vividos em família e na presença das novas gerações, como não valorizarão a beleza do vosso Natal!

Belém é um fiel reflexo da universalidade da redenção: pastores pobres e excluídos da sociedade dominante de então e magos do Oriente, sábios e importantes, tão diferentes exteriormente e nas suas possibilidades presenteadas, estão, todavia, unidos pelo mesmo desejo de adorarem o Messias. Estas vivências neo-testamentárias, garantem-nos que a Salvação que o Senhor nos oferece não se limita a alguns privilegiados, mas destina-se a todos os homens e mulheres, jovens e idosos, de todas as etnias, origens e culturas. De facto, nós cristãos somos chamados a anunciar a universalidade da salvação oferecida por Jesus, somos discípulos missionários renovados pelo envio natalício.

Neste tempo, marcado pela grande mobilidade populacional, com consequentes mutações demográficas e desafios repletos de exigências de acolhimento, cuidado, integração e promoção de numerosos migrantes, nomeadamente neste Alentejo Central e Ribatejo do Sul que constituem a nossa Arquidiocese, percebemos a mensagem de acolhimento hospitaleiro e pleno de humanidade que o presépio, sempre integrado na biodiversidade ecológica da natureza, concedeu aos pastores locais das campinas de Belém, e aos magos vindos de locais e culturas longínquas. Eis o desafio dirigido à nossa geração, a cada um de nós, de sermos Natal para os que chegam e batem à nossa porta. Que em cada dia desta época nova, não sejamos Belém encerrada para Maria e José, mas presépio e colo amplamente aberto para pastores e magos.

No Tempo do Natal, a grande alegria do nascimento contrasta com o sofrimento dos Santos Inocentes e com as penúrias da fuga urgente e repentina da Sagrada Família para o Egipto. Percebe-se o sinal da cruz marcado desde o início da vida de Jesus, o Cristo!

É neste sinal redentor que me seguro na Fé para desafiar todos os Cristãos de Évora a prosseguirmos a caminhada do Ano Santo, como peregrinos de Esperança. Que na continuidade deste Ano Pastoral, saboreemos como Deus é Bom e façamos a experiência da contemplação e da gratidão, pondo-nos ao serviço das nossas Comunidades Cristãs na construção de uma sociedade, onde se vivam os valores do Natal, no dia a dia de nossas vidas iluminadas e comprometidas com Nosso Senhor Jesus Cristo, afinal ao serviço da Igreja e do mundo.

Votos de Santo Natal!

+ Francisco José Senra Coelho,

Arcebispo de Évora”

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