Depois de Lisboa e Porto, o debate relativo à estratégia do turismo para a próxima década teve lugar esta tarde em Évora.
Entre outras personalidades estiveram presentes o Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, o presidente da Câmara Municipal de Évora, Carlos Pinto de Sá, e o presidente da Entidade Regional do Turismo do Alentejo e Ribatejo, José Manuel Santos.
Carlos Pinto de Sá, referiu que “a economia portuguesa é uma economia que precisa de diversificação, pelo que, o turismo deve de se inserir nessa ideia de diversificação da atividade económica e por isso, tem de haver um olhar para os diversos setores de economia e a forma como esses setores podem interligar entre si e trabalhar em conjunto. Não é separável do turismo o desenvolvimento económico que uma determinada região tem ou a oferta turística que tem ou os níveis de habitação ou as questões ligadas por exemplo à formação e à mão de obra existente”.
“Nós temos um problema que temos de olhar, o Alentejo tem e vai ter escassez de água nas próximas décadas, há estudos que preveem a possibilidade de o Alentejo perder entre 28 a 40% dos seus recursos hídricos, isto significa que temos de olhar a questão da água, não há desenvolvimento económico sem água, e portanto, temos de olhar como é que podemos racionalizar a água para podermos responder à necessidade e aos desafios da área económica e também do turismo”, acrescentou o autarca de Évora.
“Outro aspeto que me parece importante também e deixo para reflexão tem a ver com o olhar o turismo não apenas em Évora, não apenas num ou noutro ponto da região, mas, olhar a região do Alentejo em si, sendo que há pontos que são importantes para a dinamização do turismo mas é necessário que se olhe toda a região do Alentejo como uma região fundamental para o desenvolvimento do turismo, naturalmente interligado com outras regiões”, rematou.
José Manuel Santos, presidente da ERT referiu que “neste momento temos na região cerca de 29 000 camas, a perspetiva é que no horizonte da nova estratégia que se está agora a discutir é que o Alentejo possa atingir 70 000 camas. É fácil constatar que a região não pode funcionar com uma escola de hotelaria que se localiza em Portalegre, também o Alentejo não pode ser a única região de Portugal que só tem uma escola de hotelaria. É tempo de olhar para o Alentejo de outra forma, e nós sabemos que estas decisões, entre a decisão política e a concretização do investimento vai sempre algum tempo, portanto, é fundamental dentro desta proposta do governo expandir o modelo formativo de turismo e de escolas de hotelaria, criar-se uma segunda grande escola de hotelaria e turismo no Alentejo”.
“Cerca de 65% das nossas dormidas concentram-se em 12 concelhos”, estes números referem-se “ numa lógica territorial que abrange os 11 concelhos da Lezíria do Tejo. É fundamental melhorarmos as acessibilidades rodoviárias, não podemos ter no Alentejo as únicas duas capitais de distrito que não são servidas pela autoestrada, que é o caso de Beja e Portalegre. O turismo vive da acessibilidade das pessoas, a questão da acessibilidade aérea, o aeroporto de Beja pode a médio prazo desempenhar um papel relevante, a discussão é, que ligações aéreas é que o aeroporto pode ter para servir a oferta turística da região, esse assunto nunca foi pensado, está a ser por nós, e esperamos no início do ano termos uma proposta para apresentar ao ministro das infraestruturas e também ao Ministro da Economia”, sublinhou o presidente da ERT.
O Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, também presente no debate referiu que “o objetivo é ouvir o país todo, são sete sessões, já fizemos com esta a terceira sessão vamos fazer também nas regiões dos Açores e Madeira. A nossa preocupação é ouvir o tecido económico, ouvir as regiões, ouvir os operadores, porque é a partir daí que se consegue construir uma estratégia sólida, duradoura e sobretudo com esta espectativa de 10 anos que é isto que aqui estamos a fazer. Precisamos de ter uma estratégia que faça com que o crescimento consolide e não inverta, precisamos de aumentar aquilo que é o grau de satisfação da comunidade residente para evitar aquilo que são os chavões como a massificação, é evidente que o turismo tem pegada, qualquer atividade económica tem pegada temos de ter consciência disso, nós próprios deixamos a nossa pegada, e portanto o turismo não está inume a isso, agora precisamos é de fazer com que aquilo que é a nossa estratégia mitigue os impactos da atividade turística e faça com que Portugal não perca aquilo que é reconhecido por todos uma das atividades mais da economia”.