Devido ao protesto dos agricultores, em Campo Maior, só é possível chegar à vila, ou pela estrada da Barragem do Caia, ou pela Estrada do Retiro, estando cortados os acessos pela Nacional 373 e pela estrada de Degolados.
Na estrada do Retiro, que liga Campo Maior a Badajoz, a passagem está a ser permitida a veículos ligeiros, pelo que há filas de quilómetros, com veículos pesados de mercadorias, não só neste acesso mas também no sentido Arronches – Campo Maior.
São cerca de 60 os agricultores que se manifestam em Campo Maior, com mais de 30 tratores. António Pinheiro, um dos agricultores revela que todos se sentem “menosprezados pelo Governo”, afirmando que “as últimas Políticas Agrícolas Comuns têm feito com que os agricultores tivessem dificuldades brutais, relativamente às políticas ambientais acabaram com a eletricidade verde e querem acabar com o gasóleo agrícola.
O que levou os agricultores a insurgir-se, garante António Pinheiro, “foi o corte de 35% nas medidas agroambientais que levou jovens agricultores a terem problemas graves, porque tinham contratos feitos, há créditos de campanha e compromissos com as entidades bancárias que têm de ser cumpridos. Existe uma linha direta do IFAP que é direta para as entidades bancária, em que as pessoas comprometem e a entidade bancária adianta o dinheiro, mas houve um corte de 40, 50 e 60%, e quem tem agricultura biológica levou ainda um corte maior e portanto neste momento não consegue fazer face aos compromissos que tem”
“Torna-se insustentável continuar a agricultura assim”, garante António Pinheiro. O objetivo deste protesto passa por “obrigar o Governo a tomar medidas, junto da Comissão Europeia, para salvaguardar a agricultura portuguesa”.
António Pinheiro garante ainda que o protesto se mantém por “tempo indeterminado”, pelo que só irá terminar quando obtiverem uma resposta favorável por parte da tutela.
Outro dos agricultores, Luís Minas, explica que as reivindicações passam, entre outros, pelas “exigências ambientais” que têm vindo a ser feitas, no caso das políticas agroambientais. Sobre o comunicado emitido ontem pela CAP, que dava conta de uma reversão nos apoios ao setor, este agricultor diz que “é uma promessa que não dá garantias a ninguém”.
Luís Minas lamenta que os pesados de mercadorias sejam prejudicados com este protesto, mas “não havia outra forma de reivindicarmos e sermos ouvidos, porque infelizmente os agricultores estão muito abandonados pelo Governo”.
Neste momento, os pagamentos das ajudas não foram o que as pessoas contavam e isto, adianta Luís Minas, “leva a agricultura à falência, porque muitos agricultores já passam dificuldades e não conseguem cumprir os seus créditos, porque contavam com determinados apoios, que desapareceram”.
De recordar que a A6, na fronteira do Caia, tem estado cortada nos dois sentidos, entre Portugal e Espanha, com viaturas que impedem o trânsito, devido a este protesto, que acontece hoje, não só na região, mas em vários pontos do país.