“Apanhado de surpresa” com as notícias que vieram, recentemente, a público, sobre os cerca de 70 milhões a serem investidos no hospital Dr. José Maria Grande, em Portalegre, a par das inaugurações de serviços na mesma unidade hospitalar, que “aportaram também alguns milhões de euros”, o presidente da Câmara de Elvas, Rondão Almeida, não tem dúvidas que “o Conselho de Administração da atual Unidade Local de Saúde do Alto Alentejo (ULSAA) alguma coisa lhe tem andado a esconder”.
O autarca critica também o facto de terem sido gastos “milhões” em processos de fundos comunitários relacionados com o parque predial, quer do Hospital de Santa Luzia, quer do Centro de Saúde de Elvas, e de não ter sido feito nenhum investimento. Por outro lado, diz ainda que “nunca foi esclarecido” sobre a situação e “os investimentos a fazer na área da saúde” na cidade.
Falando num “desinvestimento total” no Hospital de Santa Luzia, Rondão Almeida diz não augurar “nada de bom”, nem de positivo, para a área da saúde em Elvas. “Um dos objetivos da própria legislação, em relação agora à dita criação dessa nova Unidade Local de Saúde, é a concentração de tudo aquilo que é a gestão, porque hoje, até mesmo na saúde, se olha mais para os números do que para as pessoas, por isso é que acontece o que está a acontecer todos os dias, mas o senhor ministro, para tudo, encontra uma justificação”, garante o autarca.
“Quando se chega a um determinado ponto e se lê nessa dita legislação que 50 instituições desaparecem, eu gostava de saber que instituições é que desapareceram neste novo quadro: se por acaso, uma das que desaparece é o Hospital de Santa Luzia. É uma questão que eu coloco, porque pode-se começar a ponderar as coisas desta forma, com a falta de investimento, nos últimos anos, no Hospital de Santa Luzia”, comenta.
Perante a situação, o autarca pede a todos para que “estejam atentos, nestes primeiros meses do ano, ao que poderá vir a acontecer ao Hospital e ao Centro de Saúde”, até porque, segundo diz, poderá vir a ser necessário que os elvenses “se unam” para continuar a ter acesso àquele hospital. “Temos de estar todos atentos para aquilo que vamos vendo e acreditar só naquilo que vamos vendo, porque, cada vez menos, vou acreditando naquilo que vou ouvindo através dos responsáveis da ULSAA”, assegura Rondão Almeida.
Prevendo que as notícias não sejam as melhores para o hospital de Elvas, Rondão Almeida condena ainda o facto de, nem o município, nem os próprios médicos e enfermeiros terem sido consultados, aquando das “reestruturações” levadas a cabo, no seio do hospital e da Unidade Local de Saúde. “Isto são coisas muito preocupantes e que me levam a pensar que nada de bom pode vir. Se houvesse alguma coisa de bom, de certeza absoluta que já teriam contacto o responsável máximo, a nível político e administrativo, de um concelho, para dizer que na sua unidade de saúde se ia fazer isto ou aquilo. Até ao momento, ninguém disse uma única palavra”, remata.
De recordar que o Movimento Cívico por Elvas, liderado por Rondão Almeida, acusou ainda, recentemente, a Unidade Local de Saúde de “prejudicar e esquecer”, de forma “propositada”, o Hospital de Santa Luzia, “na atribuição de verbas, tendo-lhe sido retiradas valências e número de camas ao longo dos últimos anos”.