Celebra-se esta terça-feira, 21 de março, o Dia Mundial da Poesia, data criada aquando da realização da 30ª Conferência Geral da UNESCO, em 16 de novembro de 1999.
E neste dia, em que se comemora a “diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação”, recordamos a poetisa popular campomaiorense Lurdes Almeida, que, durante vários anos, colaborou com a Rádio Campo Maior e a Rádio ELVAS, com a apresentação dos seus muitos poemas, aos nossos microfones.
Falecida a 4 de outubro de 2022, Lurdes Almeida, para além dos muitos poemas que escreveu e declamou, frequentou, durante vários anos a Academia Sénior da CURPI de Campo Maior.
Para hoje estava prevista uma homenageada pela Câmara Municipal de Campo Maior e por muitos dos seus amigos, na Biblioteca Municipal João Dubraz, que acaba por não se realizar, devido ao luto municipal decretado pelo Município, pela morte de Rui Nabeiro.
Um dos muitos poemas escritos por Lurdes Almeida é “A Poesia Chamou-me”, para ler abaixo.
“A Poesia Chamou-me”
A noite ia avançando
O sono não queria chegar
Mas chamou-me a poesia para comigo falar
Saltei da cama a correr com pés silenciosos
Para não incomodar quem estava a adormecer
Abri-lhe o meu coração
Disse tudo o que sentia
Senti satisfação de alegria até sorria
Mexia dentro de mim
Tive que a mandar parar
A poesia é assim
Não me deixa descansar
Convidei-a a voltar sempre e a qualquer momento
Não me vem incomodar
Está dentro do meu peito
Não tem horas para chegar
Nem manda nenhum aviso
Convite não é preciso
Vem e volta quando quer e tem pena de abalar
É fonte que nasce
É fonte que corre
É mão a escrever
Por vezes choramos sem a gente querer
É fonte a correr
Água cristalina que mata a sede da alma que seca em qualquer esquina
É fonte que nasce
É fonte que corre
É luz que desce
É fonte que seca quando o poeta morre