Hoje assinala-se o Dia Internacional da Síndrome de Asperger uma data que visa destacar a importância da integração das pessoas com a Síndrome de Asperger na sociedade, sensibilizar a população para esta doença, sua relação ao espectro do autismo e o seu impacto nos indivíduos que com ela vivem.
Joana Simões, gestora de projetos na Associação Inovar Autismo, explica “a Síndrome de Asperger já não faz parte do Manual de Diagnóstico Estatístico das Perturbações Mentais, desde 2013 e recentemente deixou de fazer parte da Classificação Internacional da Funcionalidade”, passando a fazer parte do espectro do autismo. A gestora de projetos realça que “esta síndrome não é uma doença, mas sim uma condição neurológica de desenvolvimento”, significando isso, que existem diferenças entre o cérebro de uma pessoa autista e outra não autista.
Quanto às principais características associadas à pessoa com Síndrome de Asperger, apesar de “todas serem diferentes e individuais”, existem alguns pontos em comum tais como, “as dificuldades ao nível da comunicação e da interação social, a insistência em manter rotinas, algumas dificuldades em desenvolver e/ou manter relacionamentos e também a questão da híper ou da hipo sensibilidade, os movimentos repetitivos e outra caraterística que também é muito comum, são os interesses especiais”, revela Joana Simões.
A gestora de projetos considera que, “tratar a pessoa com respeito, como faria com qualquer outra e isso significa também não a infantilizar” é um passo para não desvalorizar ou menosprezar a pessoa com Síndrome de Asperger. Ao nível da comunicação, uma das maiores dificuldades para este espectro do autismo é importante “ter uma comunicação clara, objetiva, evitar coisas como metáforas, sarcasmo, piadas”, uma vez que estas podem ser facilmente confundidas.
Joana Simões destaca ainda o episódio recente da alegada tentativa de atentado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, destacando que “a pessoa com autismo têm empatia e a sociopatia é um distúrbio da personalidade que não faz parte das características do autismo, ou seja, uma pessoa pode ser autista e sociopata”, ao mesmo tempo.
Ricardo Nunes é um jovem autista e faz parte direção da Associação Inovar Autismo, enquanto vogal, destaca algumas dificuldades “com o resto do mundo, com quem não socializo todos os dias”, acrescentando que há “uma grande discriminação na saúde mental”, em Portugal.
O jovem realça ainda outros problemas, como os estereótipos em relação a esta síndrome, “como se fossem aquelas super calculadoras humanas”, não sendo esta a realidade. Aliado estes estereótipos, “a ignorância nos estudos científicos que já têm sido feitos e provados, mas as pessoas não estão informadas”.
Para Ricardo Nunes dar voz a pessoas com Síndrome de Asperger é um passo para a aceitação social, “é dar a chance a nós, pessoas autistas, de falar, de explicar, aquilo que nós somos capazes”, realça.
Esta data visa destacar a importância da integração das pessoas com a Síndrome de Asperger na sociedade, sensibilizar a população para esta doença, sua relação ao espectro do autismo e o seu impacto nos indivíduos que com ela vivem.