Elvas acolhe, entre hoje e amanhã, dias 14 e 15 de outubro, o primeiro encontro nacional das Escolas Bilingues e Interculturais de Fronteira, envolvendo, para além do Agrupamento nº3 de Elvas, os de Bragança, Guarda e Vila Real de Santo António, bem como as escolas espanholas com quem estes agrupamentos têm colaboração.
Estas quatro escolas portuguesas, revela a diretora do Agrupamento de Elvas, Fátima Pinto, entraram num programa da Direção-Geral da Educação (DGE), há cerca de dois anos, com vista à promoção de competências linguísticas e aprendizagens culturais, nas crianças de primeiro ciclo, relativas ao país vizinho. “Este o é primeiro encontro presencial que fazemos deste projeto, de enorme importância para escolas, como é o caso da nossa, e todas as outras de fronteira”, assegura.
Com este projeto, adianta Fátima Pinto, pretende-se “criar uma maior relação entre os dois países, relação que pode e é aprendida nas escolas”. A relação entre Portugal e Espanha, a este nível, garante ainda a diretora, poderá vir a “trazer dividendos económicos, culturais e sociais” para os dois lados da fronteira.
Fátima Pinto adianta que os trabalhos de formação dos docentes decorrem entre o hotel Vila Galé e a Escola Secundária D. Sancho II, assegurando ainda que este programa, em Elvas, poderá ter, num futuro próximo, “alicerces” no projeto da Eurocidade. Com as várias sessões previstas até amanhã, pretende-se que os docentes possam partilhar vários pontos de vista sobre diferentes temas e práticas pedagógicas, para que depois possam ser desenvolvidos nas escolas, com os alunos.
Já Lina Varela, da DGE, garante que este é um programa muito importe para o Ministério da Educação, uma vez que promove a partilha de práticas ao nível do bilinguismo. “Aqui na Raia, temos uma parceria com os nossos parceiros espanhóis e vai ser muito importante para a partilha de estratégias, começando pelo primeiro ciclo, podendo depois continuar nos ciclos de ensino subsequentes”, acrescenta.
Acima de tudo, com este projeto, adianta Lina Varela, procura-se estimular “a troca de culturas”, entre os dois lados da fronteira, e a aprendizagem do espanhol, nas escolas portuguesas. A aprendizagem de uma língua estrangeira, defende ainda, é sempre mais fácil em crianças de tenra idade, daí este projeto ser, para já, direcionado ao primeiro ciclo.
Florbela Valente, da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, por sua vez, garante que a possibilidade de reunir, presencialmente, é muito importante para o desenvolvimento do projeto. “Vai ser um momento excelente de partilha, da riqueza que eu acho que este projeto traz, do ponto de vista do trabalho colaborativo, do estabelecimento de redes e do desenvolvimento linguístico”, adianta. Possibilitar “outras dinâmicas” e um trabalho de forma mais sustentada é outra das mais-valias deste encontro e das formações.
Quando questionada sobre a possibilidade de, num futuro próximo, as crianças do primeiro ciclo estarem a aprender a língua espanhola, da mesma maneira que aprendem a portuguesa, Florbela Valente garante que apenas “o futuro o dirá”. “Agora, garantidamente, do ponto de vista cultural e do enriquecimento linguístico terão outras ferramentas que lhes permitirão também, no âmbito do perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória, dar resposta a toda a diversidade da sua formação e isso será uma mais-valia”, remata.
Depois de vários ateliers, painéis de discussão e seminários, este primeiro encontro nacional, que junta cerca de 80 professores, de Portugal e Espanha, em Elvas, termina amanhã com uma visita pela cidade.