A cidade de Elvas, durante os últimos três dias, foi tomada de assalto, artisticamente falando, com a realização de mais um festival promovido pela associação Um Coletivo.
Para além da participação dos muitos artistas, de diversas áreas, oriundos de diferentes partes do mundo, como Israel, Cabo Verde, Brasil e Argentina, e de todo o país, o festival contou também com a colaboração de alguns elvenses.
Tiago Candeias, por exemplo, foi convidado a ser o “rosto” do evento, pela associação, tal como o próprio explica, tendo por missão receber o público e apresentar os espetáculos, procurando fazer sempre a ligação com o local da cidade onde o mesmo acontecia. “Sempre fui um espectador assíduo do festival, nas outras edições, e este ano lançaram-me o desafio de fazer a ‘frente de casa’, ou seja, receber as pessoas, dar-lhes as boas-vindas e criar a ponte ligação entre o objeto artístico, que ia acontecer, e os próprios espaços”, explica. “A ideia era que as pessoas percebessem a importância daqueles lugares e dar-lhes a conhecer a cidade”, acrescenta.
Esta, garante Tiago Candeias, foi uma “experiência desafiante”, tendo em conta que o festival engloba, para além de uma diversidade cultural muito grande, muitas práticas de arte contemporânea. O jovem considera ainda que o trabalho desenvolvido pela Um Coletivo, para conseguir educar o público para a arte, ao longo dos últimos anos, tem sido muito importante.
Já João Maria Carvalho teve oportunidade, nesta edição do festival, de colaborar com o brasileiro Danilo Galvão, no espetáculo musical e de formas animadas “Mar Morno”, apresentado no sábado, ao início da noite, no Pátio da Igreja dos Terceiros.
O músico, que esteve durante uma semana em residência artística, revela que o A Salto permite a criação de arte a partir “do encontro dos artistas com a comunidade”, pelo que o festival acaba por “falar muito às pessoas”. No decorrer do festival, os artistas acabam por “entranhar-se naquilo que é a vida comunitária e daí surge a partilha de qualquer peça artística”.
João Maria Carvalho garante ainda que o festival, que do seu ponto de vista já está consolidado, “não podia ter melhor nome”. “Uma pessoa, se passear pela cidade, durante o A Salto, vê, em ruas inesperadas, os artistas a trabalhar, a procurar, a falar com as pessoas. Há de facto uma tomada da cidade, de espaços que estavam fechados e que de repente se abrem e, por isso, só isso acho que o festival está consolidado, sem dúvida nenhuma”.
A edição deste ano do festival A Salto, no qual a arte contemporânea, a diversidade cultural e o património de Elvas voltaram a ser os principais ingredientes, decorreu entre sexta-feira e domingo, apresentado uma vasta programação, desde a música, ao teatro, passando pela literatura, a arte urbana, à gastronomia, em diversos espaços da cidade, como museus, castelo, mercado municipal, igrejas e Casa Tangente.