Comer o borrego no campo é tradição vincada da região Alentejo, por altura da Páscoa. Este é o segundo ano em que, devido à pandemia, as famílias se veem impedidas de o fazer.
Há os que vão só no fim-de-semana, mas, cada vez mais, há quem aproveite para marcar férias nesta altura e rumar à zona da Ponte da Ajuda alguns dias antes.
Vítor Meireles e a família aproveitavam sempre as duas semanas antes da Páscoa para descansar da azáfama do dia-a-dia. O elvense garante que “se não fosse a pandemia já estavam instalados na Ajuda. Depois, durante o dia, vínhamos à cidade buscar o que é essencial, mas já lá estávamos. Já é o segundo ano em que não podemos ir e sentimos muito a falta do convívio e desfrutar da romaria da Páscoa”.
A expressão “de malas e bagagens” nunca fez tanto sentido: “mudamos a casa toda. Levávamos tudo, desde o fogão, aos grelhadores, tudo o que faz falta. Depois, todos os dias vai mais alguma coisa. O pior é no dia de regressar e arrumar tudo”.
Fernando Couto, sogro de Vítor Meireles, explica que “o acampamento está preparado para tudo, inclusive para a chuva. Dá trabalho, só para montarmos a auto tenda levamos um dia. Mas vale a pena porque depois desfrutamos disso tudo”.
No entanto, apesar de ser amante da zona da Ajuda, Fernando Couto lamenta as condições em que aquele espaço se encontra: “há cerca de três semanas estivemos na Ajuda e tive que estar a apanhar lixo que nem era meu. Já pensámos em criar uma comissão para a Ajuda, para angariarmos verbas para a manutenção do espaço uma vez que até a própria igreja está ao abandono”.
A tradição da romagem às margens do Rio Guadiana, junto à Ponte da Ajuda, é muito apreciada por elvenses e não só. Devido à pandemia, a maioria das famílias opta por uma Páscoa mais discreta e em casa.