O Governo vai manter as restrições de deslocações ao estrangeiro até aqui em vigor para os alunos Erasmus, mesmo depois de Marcelo Rebelo de Sousa, no mais recente decreto de renovação do estado de emergência, ter recomendado que se estabelecessem regras diferentes, para as viagens, tendo em conta razões profissionais ou de ensino.
As aulas, ao abrigo do programa Erasmus, e os estágios presenciais estavam previstos ser retomados assim que possível, mas tal não acontecerá, pelo menos, para já.
Luana Festas (na foto), aluna de Arquitetura na Universidade de Évora, estava em Erasmus, na Polónia, no ano passado, quando a pandemia eclodiu. Com possibilidade de regressar a Portugal, em março, decidiu ficar, na expectativa de poder aproveitar o resto da experiência e ainda sem noção do que viria a acontecer. “Quando isto surgiu, eles conseguiram um voo para trazer os portugueses para Portugal, só que foi minha opção ficar. Foi uma altura em que não sabíamos muito bem o que estava a acontecer e a esperança que isto desaparecesse e que pudesse aproveitar a experiência era maior”, revela.
Esta estudante ficou até julho na Polónia, sendo que era suposto regressar a Portugal em maio. “Foi complicado voltar, porque tivemos muitos voos cancelados”, recorda. Luana explica também que, quando em Portugal, a situação epidemiológica já era complicada, na Polónia ainda eram poucos os casos positivos de Covid-19 registados. “Estávamos com uma certa esperança que conseguíamos aproveitar o ano, mas passado pouco tempo ficámos em casa”, adianta.
Fechada com os seus colegas numa residência de estudantes, garante que tinha acesso a informação, sobretudo, do que se passava em Portugal, até porque não entende polaco. “Não tivemos muito contacto com o que se estava a passar, não percebíamos a língua, não víamos as notícias”, revela.
Na altura, só podia sair à rua para ir às compras. “Nem sequer podíamos andar na rua, quando em Portugal se podia, em pequenos grupos”, recorda. Numa situação complicada, longe dos pais, e em que os colegas acabaram por se tornar na sua segunda família, Luana garante que, mesmo assim, teve sorte pela forma como passou a quarentena. “Nós estávamos fechados numa residência, com os nossos amigos e acabou por se levar com outra leveza”, acrescenta.
Até terminar a sua estadia na Polónia, Luana acabou por apenas realizar trabalhos, num sistema de ensino muito pouco convencional. “Não eram aulas. Os professores enviam trabalhos por email e nós fazíamos”, diz ainda, garantindo que este não foi o melhor exemplo de ensino à distância.
Ainda assim, e apesar desta não ter sido a experiência com que sempre sonhou, guarda a normalidade de um primeiro semestre, em que pôde aproveitar a sua estadia na Polónia.
Já este ano, alguns alunos adiantaram-se à proibição de sair de Portugal e fizeram a viagem antes do encerramento de fronteiras, decretado no final de janeiro.