
Já anteriormente fizemos eco dos números de casos de interrupção voluntária da gravidez por parte de mulheres portuguesas em Badajoz, embora os números não sejam coincidentes (em outubro último, o numero então indicado eram 439 casos e agora apenas 399), o fenómeno continua a ocorrer devido a várias dificuldades em Portugal.
Os dados oficiais do Governo espanhol, citados pelo Expresso na edição desta sexta-feria 18 de abril, apontam para 2.847 mulheres residentes em Portugal a irem a Espanha para realizar uma interrupção voluntária da gravidez (IVG), no período de 2019 a 2023.
Em 2023, o ano mais recente para o qual há registos, foram 668 — o maior número destes cinco anos. Os dados completos por regiões só existem para o ano de 2022. A maioria dirigiu-se à Comunidade Autónoma da Estremadura, vizinha do Alentejo, com 399 mulheres.
Mas, o número poderá ser maior, dado que em outubro de 2024, os dados da Clínica Guadiana Los Arcos, de Badajoz, indicavam a realização de 439 Interrupções Voluntárias de Gravidez (IVG) a mulheres portuguesas.
A Clínica Guadiana Los Arcos, de Badajoz, afirma no seu site online que é o único centro credenciado na Estremadura espanhola para realizar a interrupção da gravidez, até às 22 semanas de gestação e nos termos e pressupostos permitidos pela atual legislação espanhola, que regulamenta este direito da mulher. Desde 1992, a atividade desta clínica “tem por objetivo a defesa e o desenvolvimento dos Direitos da Saúde Sexual e Reprodutiva e apoia incondicionalmente a liberdade de decisão”, refere o site.
O jornal Público, em janeiro de 2025, reportava que o número de IVG de 2022, em Portugal, com base no Relatório de Análise dos Registos das Interrupções da Gravidez de 2022, onde mostrava que o número estava próximo dos valores de 2016, ano em que se registaram 15.881 abortos por opção da mulher. Em 2021 fora registado um número mais baixo, então nos 13.782 casos.
Fonte Jornal Expresso e Jornal Público: Exporting Abortion é uma investigação internacional de jornalistas coodenada pelo jornal Público (Espanha), em colaboração com outros média e jornalistas europeus. Os jornalistas que participaram nesta investigação são: Joana Ascensão (Portugal – Expresso), Kristina Bohmer (Eslováquia), Magdalena Chrzczonowicz (Polónia – OKO.press), Mayya Chernobylskaya (Alemanha), Nacho Calle (Espanha – Público), Maria Delaney (Irlanda – The Journal Investigates), Joanna Demarco (Malta), Armelle Desmaison (França), Emilia G. Morales (Espanha – Público), Bru Noya (Andorra), Apolena Rychlíková (Chéquia), Órla Ryan (Irlanda – The Journal Investigates), Sergio Sangiao (Espanha – Público), e Margot Smolenaars (Países Baixos).