Celebra-se esta sexta-feira, 10 de maio de 2024, e pela primeira vez em Portugal, o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual, depois de aprovada a proposta, no ano passado, pela Assembleia da República.
A data passa agora a ser celebrada depois do Parlamento, explica a psicomotricista na APPACDM de Elvas, Sónia Mourato, ter dado luz verde a uma petição, “com mais de dez mil assinaturas”, numa iniciativa promovida pela Humanitas, a Federação Portuguesa para a Deficiência Mental.
10 de maio é a data de nascimento de Dwight Mackintosh, que se tornou num dos pintores mais conhecidos dos Estados Unidos e a quem foi diagnosticado um “atraso mental” aos 16 anos e que esteve institucionalizado durante 56 anos. “Através da história deste artista, pretende-se valorizar e representar a pessoa com deficiência intelectual no seu todo”, adianta Sónia Moura.
Este dia tem como objetivo “dar maior relevância e visibilidade às pessoas com deficiência intelectual e respetivas famílias, de forma a permitir uma maior mobilização e sensibilização da sociedade civil”. Ao mesmo tempo, procura-se “sublinhar o empoderamento e autodeterminação da pessoa com deficiência intelectual”, bem como “desmitificar alguns preconceitos relacionados com a deficiência intelectual e sensibilizar a sociedade para a importância do respeito e da inclusão destas pessoas, em prol da melhoria da sua qualidade de vida”.
Deficiência intelectual, explica esta profissional, “é a condição caracterizada pela existência de limitações ao nível do funcionamento intelectual e do comportamento adaptativo, surgidas durante a infância ou adolescência”. A integração no mercado de trabalho, bem como na própria sociedade, é a principal dificuldade com que estas pessoas se debatem.
Para ir de encontro às necessidades das pessoas com deficiência intelectual, a APPACDM de Elvas tem vindo, ao longo dos anos, a apostar em diferentes valências e respostas sociais, até porque, lembra a psicóloga Hermínia Almeida, a população-alvo da instituição é, precisamente, pessoas com este tipo de deficiência. As atividades do Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) são uma dessas valências, que “visam a valorização pessoal e a integração social de pessoas com deficiência, com vista a promover os níveis de qualidade de vida, nas suas várias dimensões”. Por outro lado, tem sido grande também a aposta na formação profissional, para uma posterior integração no mercado de trabalho, bem como na autonomização dos utentes, através das residências de inclusão.
Quem já conseguiu ingressar no mercado de trabalho é Alexandra Gonçalves, utente do CACI: três vezes por semana é ela quem faz as limpezas nos Armazéns Marvanejo, em Elvas. Assegurando gostar muito do que faz, vendo o seu trabalho ser compensado monetariamente, esta jovem não esconde o seu entusiasmo por ser uma mais-valia para a empresa. Alexandra é também uma das utentes da APPACDM que integra o grupo de auto-representação da instituição, através do qual se dá voz às pessoas com deficiência.
A entrevista completa com Sónia Mourato, Hermínia Almeida e Alexandra Gonçalves, neste Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual, para ouvir no podcast abaixo: