A manhã deste sábado, 16 de março, no centro histórico de Elvas, foi de passeio literário, “nos passos” de oito poetas do concelho, tendo por base as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril.
Numa iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Elvas, e num verdadeiro “ato de democracia”, recordando-se como se vivia antes do 25 de Abril, a vereadora Vitória Branco explica que este passeio serviu também para se celebrar, por antecipação, o Dia Mundial da Poesia, que é assinalado, anualmente, a 21 de março.
“Com as intervenções dos nossos poetas, sempre tendo em vista o 25 de Abril, (nesta atividade) podemos expor as nossas ideias, as nossas ideologias, enquanto cidadãos que vivem em democracia, e recordando um pouco aquilo que era o antes 25 de Abril: a falta de liberdade, a falta da democracia”, explica Vitória Branco.
Lembrando o que o 25 de Abril trouxe ao país, a vereadora garante ainda que a intenção do Município de Elvas é a de levar a que cada um reflita sobre “a importância de se viver em democracia”. “O que o pós-25 de Abril nos trouxe foi a liberdade de pensamento e de expressão e que isso não se perca, que não se deixe voltar, novamente, ao tempo do medo e da falta de democracia”, remata.
Este passeio contou com a participação de oito poetas do grupo “Autores de Elvas”: António Brinquete, Ethel Castel-Branco, Fátima Cayola, Higino Maroto, Isabel Figueira, Jú Vida Laranjeira, Luísa Currito e Maria Vicente.
“Pretendemos com este passeio dar a conhecer a forma como o 25 de Abril ficou marcado em Elvas, passando pelos sítios: a Casa da Cultura, que era a antiga sede da Mocidade Portuguesa; vamos passar também por onde, atualmente, temos a Aquaelvas, que eram as antigas instalações da PIDE; pelo Batalhão de Caçadores 8; e terminamos no Museu Militar de Elvas”, explica Luísa Currito. Nesses mesmos locais, os poetas foram declamado poesia, com versos originais ou de autores como José Carlos Ary dos Santos e Sophia de Mello Breyner Andresen.
Aos poetas juntaram-se ainda neste passeio três oradores, que fizeram a explanação histórica da Revolução dos Cravos: o coronel Nuno Duarte, Moisés Cayetano Rosado e José Chocolate Contradanças.
Assegurando que esta é uma data que não marcou os mais jovens, para Chocolate Contradanças, eventos como este são importantes para “revigorar a memória” em torno de conceitos como liberdade e desenvolvimento. “Para gente como eu, que viveu antes do 25 de Abril, é que tem importância ver a mudança brutal que foi”, assegura. O orador lembra ainda a forma como as autarquias conseguiram, depois do 25 de Abril, desenvolver um trabalho em torno das infraestruturas que mudou a vida dos portugueses. “Trouxeram os esgotos, a eletricidade, a água. Nada disso existia. As pessoas imaginam lá o que era tomar banho num alguidar de zinco. Só comparando o que se vivia é que se pode sentir o verdadeiro sentido do 25 de Abril”, diz ainda.
Este passeio literário teve início junto ao Posto de Turismo da Praça da República, em que cada um dos poetas e dos oradores foi apresentado, por Tânia Morais Rico, responsável técnica na Biblioteca Municipal de Elvas, aos participantes.