O número de burlas, conhecidas como “Olá Pai, Olá Mãe”, praticadas no país, têm vindo a aumentar: até ao mês passado, a PSP já tinha registado, desde o início do ano, quase 11 mil burlas, identificado 390 suspeitos e detido 31 pessoas.
Esta burla consiste em “alguém receber uma mensagem no telemóvel, que faz-se passar por um amigo do filho(a), dizendo que houve um problema com o telemóvel do filho(a) e que necessita que seja transferida uma determinada quantia monetária para poder comprar outro telemóvel ou para poder desbloquear uma situação que aconteceu recentemente”, começa por explicar o chefe José Moreira, do Núcleo de Imprensa e Relações Públicas da PSP de Portalegre.
A maioria das pessoas “cai” nesta burla porque, segundo explica José Moreira, “são confrontadas com esta mensagem e ficam preocupadas”. “Muitas vezes, sem pensar em mais nada, acedem a este pedido e fazem a transferência para aquela conta que lhe é dada através da mensagem do Whatsapp. Posteriormente, ao entrar em contacto com os seus filhos, percebem que foram burladas, pois aquela pessoa que se fez passar por amigo do filho, na verdade não é, nem faz parte do seu círculo de amizades e ninguém o conhece, portanto aqui entramos logo no campo da burla”, adianta.
Quem receber uma mensagem deste género, explica o chefe José Moreira, não deve entrar em conversações, nem fazer a transferência de dinheiro solicitada. “Deve-se tentar, acima de tudo, contactar logo os filhos, perceber se de facto a situação é real ou não, e caso não seja, como é quase sempre a situação, entrar de imediato em contacto com as autoridades, para que possamos agir e chegar aos autores desta prática de burla”, aconselha.
À semelhança do que acontece a nível nacional, também no distrito de Portalegre o número deste tipo de burlas tem vindo a aumentar. “Em 2020, tivemos 31 denúncias de burlas informáticas, sendo que, nesta altura, não houve nenhum “Olá Pai, Olá Mãe”. Em 2021, registámos 59 crimes de burlas informáticas e, em 2022, houve aqui um aumento para 99 denúncias, em que oito foram desta burla específica “Olá Pai, Olá Mãe”. Em 2023, temos 51 denúncias de burlas informáticas, sendo que destas 33 são do crime “Olá Pai, Olá Mãe”, o que nos dá uma preocupação, porque temos de estado no terreno, com campanhas de sensibilização, para que as pessoas estejam atentas a este tipo de crime, mas o que vemos é que continua a aumentar e este ano de uma forma exponencial, aqui no nosso distrito”, revela José Moreira.
A PSP de Portalegre, ao longo destes últimos três anos, tem procurado alertado as pessoas, de diferentes formas: “quando se começou a detetar este tipo de burla, começámos a fazer divulgações nas nossas redes sociais, através de comunicados de imprensa, através de entrevistas, para alertar as pessoas para este tipo de crime e qual o modus operandi, que é sempre idêntico”.
Com o intuito de reduzir o risco de vitimização, José Moreira aconselha o seguinte: “temos de utilizar estratagemas, entrar logo em contacto com o filho, com aqueles que supostamente ficaram sem telemóvel ou que têm um problema urgente e precisam de dinheiro para resolver esse problema. Temos de estar todos despertos para esta situação, porque não é uma situação que acontece só aos outros”.