Contactado pela Rádio ELVAS, Bruno Mocinha, presidente da Comissão Política do Partido Socialista de Elvas, explica os motivos que levaram os cinco deputados municipais, do partido, a votar contra o Orçamento Municipal para 2023.
Bruno Mocinha refere que, depois de reunida a Comissão Política local, “decidimos, por maioria, que a nossa postura seria contra o Orçamento, como explicámos na Assembleia Municipal e, uma das principais razões é pelo facto de ser muito parco de visão e muito parco de ambição; não traz nada de novo, face ao Orçamento do ano anterior; é tudo muito em cópia do ano anterior e achámos que faltava algo”.
Embora assuma que o partido valoriza a questão da habitação, contemplada no Orçamento, continua a faltar algo de diferente. “Dentro do PS, consideramos que, embora a coluna vertebral deste Orçamento seja a habitação, que saudamos e valorizamos e, aliás, já vinha do executivo do PS, achamos que, apesar de esta estrutura ter elementos que vêm de trás, faltava algo de diferente”.
Este Orçamento tem coisas novas, assume Bruno Mocinha, nomeadamente, “a icónica Praia Fluvial, que tem uma previsão de investimento de mais de um milhão de euros, mas não tem qualquer tipo de estudo ou análise socioeconómica, que nos permita avaliar em tudo qual o resultado deste investimento e há aqui várias questões que nos parecem demasiado sensíveis para deixarmos passar, sem merecer o nosso comentário”.
Bruno Mocinha acrescenta que “o Orçamento é incapaz de aproveitar verbas do PRR e limita-se a dar sequência a obras já em curso, como por exemplo, a reabilitação do antigo Lagar dos Lopes, recuperação e conservação do Aqueduto da Amoreira; dá-se continuidade a uma diminuição do apoio às Associações Sem Fins Lucrativos e reduz-se o investimento de lares de terceira idade, que vai até contra muito daquilo que o presidente da Câmara tem vindo a alegar”.
Segundo o presidente da Comissão Política do PS de Elvas, perante estas razões, concluiu o Partido que “faltava algo de ambição para o concelho e para os elvenses”.
Questionado sobre o que o Partido incluiria neste orçamento, Bruno Mocinha refere que “faz falta olhar para Elvas além das questões, por exemplo da Praia Fluvial”, dando alguns exemplos que o Partido incluiria como por exemplo, a ampliação do hospital de Elvas.
O PS votou contra e expressou as suas razões, diz Bruno Mocinha, e alega que “foi-nos dada uma resposta, por parte do presidente da Câmara, quase que de tentar intimidar os membros da bancada do PS e a mensagem que quero passar é que o Partido Socialista não está divido em PS1, PS2 ou PS3, só existe um Partido Socialista, que é o que reúne e está mandatado pela Comissão Política para decidir e lembrar que Rondão Almeida que, apesar de ter sido militante, já não é; por isso, qualquer discussão que se faça sobre a realidade política interna de um partido, em Assembleia Municipal, é desvirtuar aquilo que é o trabalho da Assembleia Municipal.
“O que aconteceu foi uma tentativa de desvirtuar e atacar o Partido Socialista, por parte do presidente da Câmara”, diz Bruno Mocinha.
Bruno Mocinha sente que o presidente da Câmara descredibilizou a sua juventude, o que a seu ver demonstra falta de argumentos. “Houve uma tentativa de descreditar o facto de eu ser jovem, mas se há algo que aprendi foi que, quando o argumento é esse, é porque já faltam razões e argumentos para a conversa prosseguir” e remata dizendo que “as novas gerações já não se deixam intimidar, tão facilmente, por este tipo de narrativa”.