O projeto “AlViGen: Criação de pólo no Alentejo para a Vigilância Genómica de doenças na agricultura”, liderado pelo InnovPlantProtect (InPP) em parceria com a Universidade de Évora (UÉ), é um dos vencedores da 4ª edição do Programa Promove da Fundação ”la Caixa”, em colaboração com o BPI e Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), na categoria de projetos-piloto inovadores. Este projeto permitirá ao InPP criar capacidade para detetar precocemente doenças de múltiplas culturas, através de métodos moleculares que permitem identificar características importantes dos agentes patogénicos, tais como virulência, variedades suscetíveis e resistência a fitofármacos, beneficiando produtores e entidades/autoridades governamentais.
O AlViGen tem como objetivo criar o primeiro polo de vigilância genómica no Alentejo, aplicado a importantes doenças das culturas agrícolas, uma estrutura única, a nível local e nacional, com equipamento de última geração. A vigilância genómica, uma metodologia amplamente aplicada ao vírus SARS-CoV2 (causador da COVID-19), permite caracterizar detalhadamente os agentes patogénicos até ao nível da estirpe, possibilitando que o sector agrícola obtenha melhores informações sobre as pragas e doenças das culturas, e que faça uma gestão dos meios de luta (ex.: pesticidas) baseada em dados, de modo a reduzir possíveis impactos económicos, sociais e ambientais.
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Ricardo Ramiro, investigador do InPP responsável pelo projeto, explica que “o projeto AlViGen é importante para nós para podermos estabelecer condições para aplicar a vigilância genómica. Logo que essas condições estejam estabelecidas, iremos aplicar a vigilância genómica a fungos no olival e em campos de trigo. Iremos identificar quais as espécies de fungos que circulam no ar e também caracterizar as estirpes de dois fungos chave nestas culturas: Puccinia striiformis f.sp. tritici (ferrugem amarela no trigo) e Colletotrichum spp. (gafa no olival). Tal permitirá detetar precocemente e de forma rápida as estirpes destes fungos e algumas das suas características, incluindo virulência e resistência a fungicidas/pesticidas”. “A informação obtida poderá ser usada para prevenir as perdas acentuadas na produção destas culturas essenciais para a região do Alentejo que é o principal produtor a nível nacional”, acrescenta Rosário Félix, professora da UÉ também envolvida no projeto.
Para além de trazer benefícios para os produtores na gestão das culturas, o serviço prestado pelo polo AlViGen terá também um elevado interesse para entidades governamentais ou organizações não governamentais focadas na proteção das culturas agrícolas/ ou biodiversidade, visto que a informação genómica produzida permite identificar vias e rotas de ctransmissão das pragas, permitindo às autoridades implementar políticas que minimizem os riscos de transmissão.
O projeto AlViGen resulta de uma colaboração internacional com instituições de Portugal, Espanha e Reino Unido, agregando centros de investigação, empresas e associações de produtores e instituições da administração pública. Para além de InPP e UÉ, o projeto integra o centro de investigação britânico John Innes Center, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), as empresas espanholas De Prado e a Roma/Roma-Bio, o Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul (CERSUL) e a Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
A quarta edição do programa Promove 2022 concedeu apoios a fundo perdido de perto de 3,6 milhões de euros a um total de 13 projetos-piloto inovadores, 7 projetos de Investigação e Desenvolvimento (I&D) mobilizadores e 9 ideias inovadoras, tendo por objetivo apoiar iniciativas inovadoras em domínios estratégicos para impulsionar o desenvolvimento sustentável das regiões do interior de Portugal e fronteiriças e que sejam replicáveis para outras regiões com características semelhantes.
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