O novo ano letivo já começou e com ele uma grande novidade. Os bares das escolas púbicas deixaram de poder vender um role de alimentos e produtos: todo o tipo de pastelaria, salgados, charcutaria, guloseimas e refeições rápidas, como pizzas, cachorros quentes e hambúrgueres.
A Escola Secundária D. Sancho II, em Elvas, não foge à regra, sendo que os alunos não estão muitos satisfeitos com esta medida, que visa, sobretudo, combater o excesso de peso e promover hábitos mais saudáveis, ao nível da alimentação.
Eduardo Coelho, por exemplo, explica que no primeiro dia de aulas percebeu que, no bar da escola, já não encontrava os folhados e os pães com chouriço que tanto gosta, alegando que esta medida poderia ter sido implementada, mas de uma forma gradual. Agora, conta, tem de ir ao supermercado ou café mais próximo. “Nota-se grande diferença, porque lá fora é tudo mais caro que na escola”, acrescenta. Já Ana Lagareiro revela que há agora poucos alimentos à venda no bar da escola, sendo que a alternativa passa por ir até aos cafés e bares que se encontrem mais perto. “Há poucas pessoas que almoçam na escola. As outras vão a casa ou comem fora”, acrescenta.
Duarte Meira, por sua vez, comenta que, se o objetivo desta medida passa por promover hábitos alimentares mais saudáveis, em vez dos doces e salgados serem retirados dos bares, devia-se antes influenciar e educar os alunos nesse sentido, assegurando ainda que, se não compram o que gostam na escola, procuram fora dela. Sempre que lhe apetece um bolo, revela Inês Conceição, acaba por ir ao supermercado mais próximo, não fazendo qualquer refeição na escola.
A diretora do Agrupamento de Escolas n.º3 de Elvas, Fátima Pinto, lembra que a decisão da retirada destes produtores dos bares das escolas, não é da direção e dos agrupamentos, mas sim do Governo. Ainda que considere a medida “radical”, não tem dúvidas que era necessário fazer algumas alterações, no sentido de incentivar os alunos para bons hábitos alimentares. “O aluno acaba por ter o gosto por coisas mais saudáveis e tudo é uma questão de hábito”, assegura, lembrando que muitos jovens gostam de ir ao ginásio, não sendo a alimentação que fazem a mais correta, quando ainda estão em crescimento.
Ainda que na Secundária de Elvas não haja um elevada taxa de alunos obesos, Fátima Pinto considera que é importante que a escola possa ter uma palavra a dizer relativamente aos hábitos alimentares dos jovens. Quanto questionada sobre o facto dos alunos se mostrarem descontentes com esta medida, a diretora lembra que “há sempre resistência à mudança”.
Por esta altura, no bar da escola secundária de Elvas, é vendido, entre outros, pão de mistura, fiambre de aves, salada de fruta, iogurtes e salada de atum, com ovo cozido. “Bolos, há alguns, mas sem creme, e também vamos ter sala de frango desfiado”, revela Fátima Pinto.
Também as refeições escolares, servidas nas cantinas, têm agora de obedecer às indicações da Direção-Geral da Educação, sendo que as ementas devem ser elaboradas, sempre que possível, sob orientação de nutricionistas.
Estas ementas devem contemplar os princípios da dieta mediterrânica, assim como refeições vegetarianas, dietas justificadas por prescrição médica e por motivos religiosos.