A Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS) foi a escolhida para acolher uma armadilha destinada à captura de culicóides, uma iniciativa que surge no âmbito do Plano de Vigilância Entomológica implementado pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). Esta ação visa a monitorização e deteção precoce do vírus da língua azul e outras doenças propagadas por vetores uma preocupação crescente devido ao aumento de doenças associadas a insetos em Portugal.
A língua azul, uma doença viral infeciosa que tem afetado os ruminantes, tem causado grandes prejuízos aos produtores de ovinos no país. Com a circulação de três serotipos da doença em território nacional, a necessidade de uma abordagem preventiva torna-se evidente e é um objetivo claro. O Secretário de Estado da Agricultura, João Moura, esteve presente na assinatura do protocolo de colaboração entre a DGAV e a ESAS, destacando a importância desta parceria na proteção da saúde animal e na mitigação de riscos económicos.
Esta iniciativa é um exemplo claro de como a cooperação entre o Ministério da Agricultura, suas entidades tuteladas e as instituições de ensino pode resultar em soluções eficazes para os desafios do setor agrícola nas suas diversas vertentes. João Moura enfatizou a relevância de estabelecer um espírito de colaboração nesta área, que pode ser fundamental para enfrentar adversidades e encontrar soluções inovadoras.
“Todos concordamos que a luta contra a língua azul requer não apenas respostas reativas, mas também uma preparação e antecipação de ações que reduzam o impacto futuro”, afirmou o Secretário de Estado, sublinhando o compromisso do governo em proteger a saúde dos animais e garantir a segurança alimentar.
A instalação da armadilha na ESAS representa um passo significativo na monitorização de zoonoses emergentes e reemergentes, bem como de outras patologias transmitidas por insetos. Este sistema de monitorização será amplificado a nível nacional, com armadilhas a serem implementadas em diversos locais do país. O objetivo é verificar se os insetos capturados são portadores de vírus e compreender o comportamento dos vetores. Perante essa recolha, agir-se-á junto do INIAV (Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária), que, pela via científica, analisará a dimensão e o risco transmissível, o que permitirá acionar respostas mais incisivas no terreno e com intervenções segmentadas territorialmente.
Com esta iniciativa, desenvolve-se um novo modelo de prevenção, a monitorização ativa da população de insetos para o próximo ano, aproveitando o conhecimento científico da DGAV e do INIAV para implementar planos de intervenção imediatos e mais eficazes. Ao identificar os locais e as circunstâncias em que os vetores estão presentes, poderemos agir de forma assertiva para prevenir a propagação de doenças.