O ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, esteve esta terça-feira, 27 de agosto, de visita a Campo Maior, para assinar o contrato para empreitada de construção da rede de rega do aproveitamento hidroagrícola do Xévora.
Ainda antes da assinatura do contrato , que teve lugar no Centro Interpretativo da Fortificação Abaluartada (CIFA) de Campo Maior, o ministro foi recebido pelo autarca na barragem do Abrilongo, para uma visita ao local da empreitada. Na ocasião, Rogério Ferreira, diretor-geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, explicou aos presentes a obra a realizar.
Questionado pela Rádio ELVAS sobre a data de disponibilização de água aos agricultores, Rogério Ferreira, disse esperar que “em dezembro de 2025 já haja possibilidade de abastecer as primeiras explorações. Foi necessário de acordo com estudo de impacto ambiental reservar áreas para cultura de sequeiro, onde se verificam as maiores zonas de nidificação de Grous e Abetardas, aves que fazem ninhos em terrenos mais secos”. Para desenvolver este projeto foi “ainda necessário entrar em conversações com o Reino de Espanha para comprar terrenos para lá da nossa fronteira”.
O ministro, que revela que depois da obra se seguirá uma outra fase, fala num projeto “importantíssimo”, não só pelos 17,7 milhões de investimento, mas pela utilização de uma barragem, com “1.600 hectares que vão ser beneficiados”. “Isto traz competitividade, ajuda à coesão territorial e à sustentabilidade”, assegura.
Ainda que refira que há quem queira ver as barragens eliminadas, José Manuel Fernandes garante que estas infraestruturas “ajudam à biodiversidade e ao combate às alterações climáticas”, pelo que a agricultura não é, de todo, “inimiga do ambiente”. “Eliminar barragens conduzia, não só ao abandono do território, como ao aumento da seca e de problemas ambientais. É necessário é acelerar processos. Uma declaração de impacte ambiental não pode demorar cinco anos. Ao demorar cinco anos, estamos a ter um prejuízo ambiental”, diz ainda.
Luís Minas, da Associação de Regantes do Xevora, destacou o dia da assinatura da empreitada, que surge “finalmente, depois de se esperar 20 anos”.
Disse ainda que “se calhar só estamos aqui hoje porque quem pagou o estudo de impacte ambiental foi a nossa Associação”. Pediu ainda ajuda para a criação de charcas de apoio às explorações agrícolas e que a estrada de acesso à barragem, atualmente em mau estado, “seja arranjada”.
Já Luís Rosinha garante que este é um “dia muito importante”, dado tratar-se de um dos maiores investimentos de sempre feitos no concelho de Campo Maior, “se não o maior”. “Seguir-se-á uma outra fase, a da estação elevatória, que vai ser financiada, mas apenas a partir do ano de 2026, mas o que importa, nesta altura, é perceber que estes 1.600 hectares, no final da conclusão desta mesma empreitada, já obterão todos capacidade de regadio”, adianta.
Ao todo, serão mais de 40 proprietários de terras, na envolvência do Abrilongo, que passadas mais de duas décadas, veem esta obra em construção. “Tínhamos uma barragem sem aproveitamento, com um paredão que aguardava por esta obra, que em boa hora, tanto o Governo anterior, como o Governo agora em funções, decidiram levar por diante, e que culmina hoje com a assinatura da consignação”, diz ainda Luís Rosinha.
Com esta obra da rede de rega do Xévora, a juntar à Barragem do Caia, o autarca assegura que haverá “condições para futuros investimentos na área da agricultura” no concelho.
O prazo de execução da obra é de 12 meses, com os trabalhos a iniciarem-se ainda este ano, estando agora o contrato a ser enviado para validação do Tribunal de Contas.