A União de Sindicatos do Norte Alentejo (USNA/CGTP-IN), que receia que perto de duas centenas de colaboradores do call center da Randstad, em Elvas, possam acabar no desemprego, tendo em conta a possibilidade do fim do projeto da EDP Comercial, veio esta quinta-feira, 27 de junho, a público dar conta da “situação de instabilidade e de incerteza” em que se encontram estes trabalhadores.
Este call center abriu em Elvas no ano de 2017, com uma linha de apoio à EDP Espanha, que entretanto foi encerrada, sendo que em 2022 surgiu um serviço de linha de apoio à EDP Comercial, que foi, de acordo com Ana Albergaria, dirigente sindical, crescendo. Mas com os trabalhadores em teletrabalho desde a pandemia e com o contact center na antiga fábrica do tomate fechado, “não foram tidas em conta duas questões que assombram a vida” destes colaboradores: tudo o que implica estar a trabalhar remotamente e a “durabilidade do projeto EDP”.
“Passados quase cinco anos, estes trabalhadores continuam em teletrabalho, sem qualquer apoio económico, com o aumento dos seus custos, com eletricidade, água e internet”, adianta Ana Albergaria. Mas numa altura em que o teletrabalho já não é obrigatório, a Randstad, avança a dirigente sindical, impede os trabalhadores de voltarem ao trabalho presencial, justificando a decisão com “questões de segurança”, porque, entre outras razões, “chove dentro do edifício”. “Mas a Randstad não apresenta nem soluções, nem data para o regresso dos trabalhadores. Podia permitir, pelo menos no verão, o trabalho aqui no call center”, defende.
Por outro lado, e caso a Randstand não ganhe o concurso da EDP Comercial, já em agosto, os trabalhadores de Elvas poderão estar mesmo “em risco”. “Já aconteceram vários concursos e a Randstad tem vindo a perder vários projetos deste cliente”, assegura Ana Albergaria.
A dirigente sindical dá ainda conta que, recentemente, um total de 85 trabalhadores afetos ao serviço da EDP Comercial, entre Elvas e outros contact centers do país da Randstad, viram o seu horário de trabalho reduzido para metade. “Das 40 passaram para as 20 horas”, ou seja, passaram de um ordenado na ordem dos 820 euros mensais para 410. “É difícil em todo o lado, mas aqui em Elvas ainda é mais, porque não há outros locais em que possam trabalhar a part-time. Temos famílias monoparentais sem soluções”, lamenta.
Ana Albergaria explica ainda que a direção da Randstad, sem dar garantias daquilo que possa vir a acontecer, já terá comunicado à União de Sindicatos que a intenção é “manter todos os trabalhadores” de Elvas. “Mas com o teletrabalho, não podemos ignorar que realmente estes trabalhadores estarão na fila da frente, para se que acabe este projeto, porque aqui só há representação da EDP Comercial”, remata.
Estas informações foram avançadas em conferência de imprensa, na manhã desta quinta-feira, numa ação integrada na Semana Nacional de Esclarecimento e Luta, convocada pela CGTP Intersindical Nacional, que chega hoje ao fim. Ana Albergaria, para além de dirigente da União de Sindicatos do Norte Alentejo (USNA/CGTP-IN), é também membro da Direção Nacional do SIESI (Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas) e da FIEQUIMETAL (Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Química, Farmacêutica, Elétrica, Energia e Minas).