Precárias II, o Festival de Performance idealizado e concebido pela artista Tita Maravilha, chega este sábado, 8 de junho, a Montemor-o-Novo.
Trata-se de um projeto de “criação intercultural, comunitário, focado em corpos e identidades de pessoas trans, queer, não-binárias, mulheridades e pessoas racializadas”, começa por explicar o diretor artístico do Espaço do Tempo, Pedro Barreiro. O festival, adianta, é dedicado “à criação de narrativas alternativas que potencializam a performance contemporânea, com modus operandi na alçada da precariedade destas histórias em transformação”. O Precárias surge “na força da resistência, mesmo em contextos tão adversos, e acontece, também, como celebração coletiva”.
Em Montemor-o-Novo, o programa do festival tem início às 15 horas horas com a exibição, em dose dupla, do filme “Pirenopolynda”, de Tita Maravilha, na Oficina Magina. Seguem-se, no Largo Machado dos Santos, uma mesa redonda intitulada “Que Nunca Nos Falta: Comida na Mesa, Consciência de Classe e Arte”, pelas 16h30. Duas horas depois, no mesmo local, será apresentada a performance “Mesa Farta”. O festival só termina com a apresentação de “Stripteaser Gambiarra Dreams”, pelas 21.30 horas, na Black Box do Espaço do Tempo.
Nesta sua segunda edição, o festival chega a Montemor-o-Novo, depois de já ter passado por Lisboa, Porto, Viseu e Paris.
PROGRAMA COMPLETO:
PIRENOPOLYNDA, de Tita Maravilha
Exibição de Filme, 2 sessões
15h00 – 15h30 / 15h30 – 16h00 @ Magina
Em Pirenópolis (Goiás, Brasil), há 200 anos que a Festa do Divino se vem realizando. Tita Maravilha nasceu na pequena cidade e tem memórias preciosas da festa. Anos mais tarde, ao regressar a essas memórias, a artista multidisciplinar travesti pretende reconstruir e re-tradicionalizar a esta com um viés afectivo decolonial. Dirigido por Bruno Victor, Izzi Vitório, TITA MARAVILHA (Brasil, 2023).
QUE NUNCA NOS FALTE: “COMIDA NA MESA, CONSCIÊNCIA DE CLASSE E ARTE”
Roda de Conversa
16h30 @ Largo Machado dos Santos
Uma conversa mediada por Rod, artista visual, que se junta a 3 artistas que compuseram a programação do Precárias II: Festival de Performance. Acauã Shereya El Bandide, Yunne Isabella e Lola Bhajan juntam-se a esta ocasião para a partilha de experiências, pensamentos e ideias relativas ao trabalho desenvolvido até aqui e conspirar novas narrativas possíveis.
A conversa surge no contexto do fecho do festival e pretende estimular o pensamento sobre a importância da arte no pensamento interseccional. Pensar o passado e confabular futuros prósperos em coletivo. Este encontro será guiado a partir do tema: “Que nunca nos falte: comida na mesa, consciência de classe e arte.”.
Rodrigo Ribeiro Saturnino, aka ROD. Pesquisador e artista visual. Pós-Doutor pelo Centro de Estudos da Comunicação e Sociedade do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, Doutor em Sociologia pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Mestre pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Fundou o Colectivo Afrontosas em 2022, com Didi e Tony Omulu, uma associação cultural que nasceu a partir de pessoas negras/racializadas cuír, ligadas ao mundo das artes, da educação e da celebração, motivadas pela ausência de projetos que reflitam sobre a importância da negritude cuír da diáspora em Portugal, em confluência com os trânsitos migratórios da América Latina, África e outras regiões. É também co-fundador da UNA – União Negra das Artes.
MESA FARTA
18h30 @ Largo Machado dos Santos
Uma performance que celebra o encontro entre a comunidade de Montemor-o-Novo e o Precárias II. Celebramos o convívio em volta de uma mesa farta. Coxinha, pastel de bacalhau e arte, regadas a vinho da casa. Segundo Joãozinho: Quem gosta de miséria é intelectual. Pobre gosta é de luxo. Serão duas horas de convívio e comida na mesa, uma musiquinha ao fundo. Quem tiver história pra contar, que conte!
STRIPTEASER GAMBIARRA DREAMS, Acauã Shereya el Bandide
Performance
21h30 @ Blackbox
É um ECLIPSE de duas ou mais peças de trabalho: além de vocês, o que tem pra comer hoje? e NUAGES CLOUDS NUVENS. Uma obra autobiográfica em performance e em Gambiarra. Um terreno baldio no espaço sideral, onde o lixo flutua fazendo encontros, colisões, eclipses.
Acauã Shereya El Bandide: Brasileira, culrégraphe, professora, artiste visuelle, jardineira, artisane, escritora et pós-pornographic. Nascida à Fortaleza (Brasil), raised by teachers women et par son abuelo artisan. Diplomada en Théâtre par IFCE et en Danse par le CTD3 (2012), she was a university professora from 2013 to 2015 au IFCE, en 2019 realizou PACAP3 in Performing Arts au Fórum Dança. Ela explore le between des interactions et utilise a “Gambiarra” para buscar as possíveis imagens of Democracy about the bodies de performatividade “Cuir” (Queer).