O aluno que causava vários problemas, nomeadamente foi acusado de agressões a alunos e professores, na escola Secundária de Campo Maior fica agora “impedido de estar a menos de 500 metros deste estabelecimento de ensino e será transferido para outra escola do país”, segundo as medidas cautelares do Ministério Público e aqui avançadas pelo diretor do agrupamento, Jaime Carmona.
O diretor assegura que “algumas situações poderiam ter sido acauteladas há algum tempo”, porque segundo diz, “apesar de muitos contactos com entidades ligadas à educação, a tutela falhou-nos um pouco, porque já em dezembro fomos além do procedimento disciplinar normal e pedimos, nessa altura, a transferência de estabelecimento que nos foi negada, e que agora é processada não pelo Ministério da Educação, mas sim pelo Ministério Público”.
Juntamente com o município, com a então associação de pais, que esteve em funções até há pouco tempo atrás, foram desenvolvidas iniciativas, em reuniões com as entidades responsáveis, para resolver os problemas, que vão surgindo.
Contudo, o diretor afirma: “esta questão não pode ser traduzida apenas nesta medida cautelar, temos que olhar um pouco no tempo e perceber que, possivelmente, resulta de um trabalho que tem sido desenvolvido há muito tempo. Este aluno há cerca de dois anos e meio teve uma medida tutelar educativa, em que foi retirado à família, esteve num centro educativo e, passados uns meses, foi ‘devolvido’ à sociedade e, desde aí, tem havido algumas situações com as quais não tem sido fácil lidar, porque as escolas não estão habituadas a este tipo de assunto, a escola é vocacionada para a pedagogia e educação e há outras situações que, com o tempo, vamos aprendendo a lidar com elas”.
Questionado sobre qual o sentimento com que encarou estas medidas, Jaime Carmona afirma que se sente “um alívio generalizado, principalmente nos professores que trabalhavam com a turma, porque as situações não eram fáceis de lidar”.
No entanto, o diretor assume ainda: “pedagogicamente, eu sou professor e não posso defender que a melhor solução, para lidar com alunos problemáticos, seja afastá-los da escola com medidas cautelares ou algo do género, há algum trabalho que tem de ser feito, porque é para isso que estamos cá, para ajudar todos os alunos”.
“Há aqui um alívio que vem desanuviar um pouco as nuvens negras que, parece que pairam sobre o Agrupamento de Campo Maior, mas preocupa-nos, porque que esta foi uma solução extraordinária para um caso muito particular, mas sabemos que temos mais alunos que precisam de ser ajudados e, infelizmente, as escolas continuam sem ter os recursos necessários para fazer face a estes desafios, que são constantes”, remata.
A entrevista completa ao diretor do Agrupamento de Escolas de Campo Maior, Jaime Carmona, sobre estas medidas, que pode ouvir no podcast abaixo: