São Mateus: quando a romaria era feita em carroças e os produtos agrícolas eram o centro das atenções

Catarina Parrão

Conhecida como sendo uma das maiores romarias do sul do país, atraindo sempre milhares de visitantes, a feira de São Mateus, em Elvas, tem, ao longo do anos, vindo a conhecer significativas alterações, por mais que muitas tradições ainda se mantenham vivas.

Catarina Parrão, por exemplo, recorda que, com dois ou três meses de vida, já vinha com a família, num carro de canudo, puxado por uma mula, em direção a Elvas, saindo de Campo Maior de madrugada para chegar de dia à feira. “Vinha com os meus avós, as minhas tias; vinha tudo junto, dentro dos carros”, conta.

Na altura, a romaria resumia-se a três dias, lembra esta campomaiorense. Já com outra idade, mas sempre de carroça, Catarina lembra-se de viajar até Elvas a cantar. “Vínhamos cantando, que é o que a gente ali melhor sabe fazer; cantar e fazer flores”, diz ainda esta ouvinte da Rádio ELVAS, que assegura que “o São Mateus não se faz sem chuva”.

António Cabrela

Na altura, recorda por sua vez António Cabrela, os produtos agrícolas eram a principal atração da romaria, onde não faltavam os peros e as castanhas. Para estas festas, lembra ainda, as pessoas traziam sempre, entre outras coisas, o frango de tomatada para comer na Piedade. “As pessoas de Varche, por exemplo, vinham e traziam o frango de tomatada, traziam os paios, porque faziam a matança e era tudo para se comer nesta ocasião”, recorda.

“A avenida era mais pequena e ao fundo estavam vários produtores com os peros Bravo Esmolfe, de Portalegre, que aquilo deita um cheiro; castanhas, passas de figo; havia feijão, havia grão. Havia isso tudo”, relembra ainda António Cabrela.