Duas elvenses retratadas na obra “As Revolucionárias” de Maria João Lopo de Carvalho

“As Revolucionárias” – doze mulheres portuguesas desobedientes, é o nome do livro da autoria de Maria João Lopo de Carvalho, que foi apresentado esta tarde de terça-feira, 6 de junho, na Biblioteca Municipal de Elvas.

A obra, segundo explica a autora, retrata 12 mulheres portuguesas relevantes para a história de Portugal, e que estiveram “muito à frente das convenções da altura”, entre as quais duas elvenses: Adelaide Cabete e Virgínia Quaresma. A autora revela estas mulheres “abriram caminho para que as gerações futuras pudessem ter uma vida profissional normal, conjugando todos os mundos e fazer o que nos apetece, porque elas foram pioneiras em várias áreas”.

De entre estas 12 mulheres, cujo critério de seleção passou pelo facto de terem 17 anos a 5 de outubro de 1910, a escritora revela que aquela por quem tem “maior admiração, em termos de contrariar o seu destino é mesmo Adelaide Cabete, porque começou por limpar casas e depois foi a primeira médica e uma feminista, republicana e ativista, muito focada na saúde das mulheres e esse exemplo é muito comovente”.

Já por Carolina Michaëlis, a autora assume que tem “um fraquinho, porque as restantes onze são geniais mas a Carolina está acima em capacidade intelectual, era brilhante, ela aos 12 anos traduziu o Novo Testamento para espanhol e não sabia falar espanhol, isto através de um dicionário”.

Já para a vereadora na Câmara de Elvas, Paula Calado, “é um enorme orgulho” ver o trabalho de duas elvenses retratado neste livro, por um lado Adelaide Cabete que “foi sufragista, uma grande profissional e, por outro lado, uma menos conhecida que é a Virgínia Quaresma que nasceu em Elvas, uma republicana convicta e foi das primeiras mulheres a frequentar a Faculdade de Letras, pioneira no jornalismo de investigação, tendo vivido grande parte da sua vida no Brasil”.

A vereadora acrescenta que, apesar de elas terem aberto caminho em várias áreas para as mulheres, “há ainda muito a fazer e continuamos a ter de invadir, pelas positiva, estes espaços que o costume e tradição dizem que não são nossos, porque a presença das mulheres, em absolutamente tudo, tem de ser o reflexo da sua existência na sociedade e nós temos muita coisa boa para trazer”.

Para além de Adelaide Cabete e Virgínia Quaresma estão retratadas, nesta obra, Maria Amália Vaz de Carvalho, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Angelina Vidal, Domitila de Carvalho, Ana de Castro Osório, Virgínia de Castro e Almeida, Carolina Beatriz Ângelo, Irene Lisboa, Regina Quintanilha e Maria Lamas.