Elvas tem 2 locais com contaminação de substâncias químicas perigosas

O concelho de Elvas foi assinalado no mapa europeu dos locais com prevalência de substâncias químicas conhecidas como “eternas”, no trabalho do consórcio de investigação e jornalismo publicado em Inglaterra pelo jornal “The Guardian” e em Portugal pelo diário “Público”.

A Ribeira Vale do Morto a jusante da Barragem do Caia é indicado com 10 nanogramas por litro de água (ng/l) e o Monte da Vinha no rio Guadiana com 750 ng/l, sendo os dois locais no concelho de Elvas (ver mapa ao lado).

O mapeamento revelou o The Guardian mostra os locais onde foram encontrados “poluentes conhecidos como produtos químicos eternos, que não se decompõem no ambiente, acumulam-se no corpo e podem ser tóxicos, foram encontrados em níveis elevados em milhares de locais em todo o Reino Unido e na Europa”.

Segundo este estudo, “estes produtos químicos “eternos” são formalmente apelidados de perfluoroalquiladas (PFAS) e nada mais são do que uma família de cerca de 10.000 substâncias químicas, muito apreciadas pelas suas propriedades antiaderentes e detergentes. Ora, uma vez que não se decompõem, mas, ainda assim, são utilizadas numa vasta gama de produtos, têm deixado um rasto de contaminação na água, nos solos e nos sedimentos de cerca de 17.000 locais, pela Europa e pelo Reino Unido. Destes, as PFAS foram detetadas em concentrações de mais de 1.000 nanogramas por litro de água (n/l) em cerca de 640 locais, e acima de 10.000 ng/l em 300 locais”.

Em Portugal foram identificados nove locais:

  • Bravães (Ponte da Barca, 190 ng/l);
  • Praia Pontilhão da Valeta (Arcos de Valdevez, 160 ng/l); ​
  • Penide/Areias de Vilar (Barcelos, 350 ng/l);
  • Albufeira de Crestuma-Lever (Vila Nova de Gaia, 460 ng/l);
  • Montemor-o-Velho (240 ng/l);
  • Muge (Salvaterra de Magos, 3200 ng/l);
  • Ribeira Vale do Morto (Elvas; 10 ng/l);
  • Monte da Vinha (Elvas; 750 ng/l);
  • Ermidas do Sado (Santiago do Cacém, 450 ng/l).

Conforme destacado pelo jornal Público, “há duas PFAS que têm estado particularmente ligadas a vários problemas de saúde. Por um lado, a PFOA, que está associada ao cancro renal e testicular, doença da tiroide, colite ulcerativa, colesterol elevado e hipertensão induzida pela gravidez; por outro, a PFOS, especificamente ligada a doenças reprodutivas, do desenvolvimento, do fígado, dos rins e da tiroide”.