No seguimento da abstenção dos deputados do Partido Socialista (PS), na votação da candidatura ao financiamento da construção de um prédio na Quinta dos Arcos, para rendas acessíveis, em sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Elvas (ver aqui), o presidente da Câmara, Rondão Almeida, em declarações à Rádio ELVAS, diz lamentar que o PS, no concelho, “esteja a ser gerido por quatro ou cinco pessoas que acabaram por dividir tudo aquilo que era a estrutura do partido em Elvas”.
“Não estão a respeitar os verdadeiros socialistas e quem vota no PS, em Elvas”, garante o autarca, assegurando que a política de habitação, ao nível de rendas acessíveis, para “aqueles que trabalham, nunca esteve prevista”, no mandato de Nuno Mocinha. “No tempo de Nuno Mocinha, a única coisa que se fez foi assinar um acordo com o IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana), no montante de 22 milhões de euros, para dar resposta a mais habitação social para o concelho de Elvas”, alega.
Desses 22 milhões de euros inicialmente previstos, para obras na área social, adianta Rondão Almeida, o município passa para 62 milhões. Entretanto, a Câmara Municipal “quis resolver os problemas daqueles que trabalham e foi isso que esteve em causa na última reunião: foi a construção de 60 fogos para aqueles cujo rendimento não lhes permite pagar rendas altas”. Mas para isso, explica o autarca, a Câmara de Elvas vai precisar de seis milhões e 610 mil euros, tendo agora a possibilidade de contrair um empréstimo, que será pago a 30 anos, que, por sua vez, será amortizado com o valor dessas rendas acessíveis.
Rondão Almeida, por outro lado, considera que as pessoas teriam “alguma razão” quando, erradamente, se pode ter pensado que a construção prevista para a Quinta dos Arcos era destinada a habitação para aqueles que usufruem rendas sociais. “Longe de mim pensar, alguma vez, que quisessem transformar a Quinta dos Arcos no Bairro das Pias. Isso é que estes cinco elementos do PS têm de esclarecer, porque aquilo que foi acordado entre Nuno Mocinha e o IHRU foi precisamente o 1º Direito e o 1º Direito era para rendas sociais”, comenta.
Sobre uma das questões apontadas por Bruno Mocinha (ver aqui), para justificar a abstenção da votação da bancada do PS, na Assembleia Municipal, à candidatura ao financiamento da construção do prédio em causa, alegando que a obra só iria ter início em 2024, dado o suposto “calendário político” do Movimento Cívico por Elvas, Rondão Almeida resume-a a “ignorância” do líder da concelhia do PS: “tanta ignorância, com tão pouca idade a gerir o Partido Socialista em Elvas”.
A obra está “programada”, garante o presidente da Câmara de Elvas, aguardando-se agora apenas que o empréstimo seja aprovado: “por isso é que fizemos uma Assembleia Extraordinária, para aprovar a candidatura para esse empréstimo; se não tivéssemos pressa, não fazíamos uma Assembleia Extraordinária”.
A intenção da autarquia é que no decorrer do primeiro trimestre deste ano, a empreitada possa ser lançada a concurso, sendo uma obra que deverá levar dois anos a ser dada por terminada. A obra, de acordo com Rondão Almeida, deverá arrancar em junho ou julho, “logo que o concurso esteja todo terminado”, e será concluída em meados de 2025. “Aqui também o próprio PS, ao estar a dizer que iniciaríamos a obra em 2024, possivelmente, também fez mal as contas, porque neste caso, na altura das eleições, a obra ainda estaria a meio da execução”, alega.
O autarca diz ainda que não esperava que os deputados, que para si, “não representam” o PS, tivessem coragem de tornar pública a moção que apresentaram na Assembleia Municipal, acusando-os de “destruir a imagem” do Partido Socialista em Elvas. Para além disso, diz ser “caricato” que venham dizer que os 700 mil deixados pelo PS no final do mandato de Nuno Mocinha podiam ser aproveitados para atenuar o valor do empréstimo a contrair para a obra do prédio em questão: “para um empréstimo de seis milhões e 610 mil euros dizem que deixaram cá 700 mil euros. Não brinquem com as pessoas”.
“Querem destruir o partido por si e denegrir a obra que foi feita pelo mesmo partido”, diz ainda Rondão Almeida, não tendo dúvidas de que, “a continuar assim, é muito natural que o Partido Socialista, em Elvas, desapareça”.
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