Com a crise energética que o mundo atravessa, com o aumento dos preços e do abastecimento de energia, alguns defendem o fim das metas de redução de emissões de gases de efeito de estufa e o regresso às centrais a carvão e centrais nucleares.
Segundo José Janela, da Quercus, a crise energética, enquanto resultado da guerra na Ucrânia, contudo, “não pode significar o fim” dessas metas. “De uma forma resumida podemos dizer que as centrais a carvão são responsáveis pela poluição do ar, com a emissão de partículas, de compostos como óxidos de enxofre que originam chuvas ácidas, bem como pela emissão de quantidades enormes de dióxido de carbono para a atmosfera”, começa por dizer. Devem ser por isso “progressivamente abandonadas, em toda a Europa como já aconteceu em Portugal”.
A energia nuclear, adianta José Janela, “também tem problemas insolúveis ao longo de todo o seu ciclo: desde a exploração mineira, que é das mais poluentes, com minas abandonadas que são fontes de contaminação, passando pelo funcionamento das centrais e dos seus perigos, aos resíduos que não têm uma solução definitiva. As centrais são também perigosas por serem objetivos militares de primeira ordem, como se vê na guerra da Ucrânia”.
A verdade é que há quem aponte a problemas ambientais causados pelas energias renováveis. José Janela explica como é que se podem resolver esses problemas. “São necessárias medidas de incentivo à implementação de soluções de energia que, nomeadamente nos edifícios tenha por objetivo alcançar a meta de edifícios netzero, ou seja, edifícios que possam produzir tanta energia como aquela que consomem. Os edifícios novos, reconstruídos ou remodelados, devem ser auto-sustentáveis energeticamente e deve haver apoios públicos nesse sentido”. defende.
A prioridade, diz ainda, “deve ser dada à produção descentralizada, na proximidade dos centros de consumo, evitando os custos financeiros, ambientais e as perdas de energia associados à construção de infraestruturas de transporte, devendo aproveitar-se as coberturas de grandes áreas industriais e comerciais para este fim”.
Os edifícios públicos podem ser parte da solução para o problema energético. “Existem muitos milhares de hectares de coberturas dos edifícios públicos que podem ser aproveitados para a instalação de painéis solares”, remata José Janela.
O programa “Ambiente em FM” desta semana para ouvir, na íntegra, no podcast abaixo.